Silveira bate recorde de menções nas redes após indulto de Bolsonaro
Deputado superou a média de menções do presidente Jair Bolsonaro no Twitter
Mesmo com suas contas suspensas nas redes sociais, o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) superou a média de menções do presidente Jair Bolsonaro no Twitter e bateu seus próprios recordes na plataforma na última quinta-feira, quando foi editado o decreto presidencial que perdoou a sua condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) . Naquele dia, foram 525 mil menções ao nome do parlamentar, segundo levantamento da consultoria Bites. O número ultrapassa a média do próprio chefe do Planalto, que é de 277 mil citações diárias. O volume foi impulsionado especialmente pela base bolsonarista, que dominou com folga o debate na rede.
Condenado a oito anos e nove meses de prisão pelo STF por ameaças e incitação à violência contra ministros da Corte, Silveira é representante do núcleo mais fiel dos apoiadores de Bolsonaro. Desde que passou a ser alvo de decisões do ministro Alexandre de Moraes , relator do processo no Supremo, o parlamentar tem sido apontado pela militância como símbolo de uma liberdade de expressão coibida, apesar da condenação.
A Bites identificou dois picos de menções a Silveira nos últimos 30 dias. O primeiro foi em 30 de março, depois de o parlamentar passar a noite em seu gabinete na Câmara para não colocar uma tornozeleira eletrônica, determinação proferida um dia antes por Moraes . Naquela data, foram 435 mil citações ao deputado no Twitter. O segundo pico foi justamente no dia em que Bolsonaro concedeu o indulto da graça.
Para dar uma ideia da dimensão, Bolsonaro, uma das personalidades mais populares da rede no Brasil, tem média diária de 277 mil menções. Nos últimos 90 dias, ele só superou 500 mil citações — como fez Silveira — em cinco ocasiões. Para André Eler, diretor adjunto da Bites e responsável pelo levantamento, o deputado teve “desempenho de estrela do bolsonarismo”.
"A gente está falando de menções a um deputado federal que não é tão relevante em sua atuação na Câmara. É um volume maior do que costuma ser de qualquer presidenciável. Mesmo Bolsonaro não tem números tão altos o tempo inteiro. Isso mostra como, no processo dele, os apoiadores do presidente elevam Silveira a esse patamar de estrela e dão a ele esse capital digital do bolsonarismo. Algo que ele talvez não teria em outro contexto", analisa Eler.
Domínio da direita
A ampla vantagem bolsonarista foi refletida na disseminação de posts sobre o assunto no Twitter. Dentre as hashtags mais citadas sobre o caso, a campeã foi #EuApoioDanielSilveira, que apareceu 377 mil vezes nos últimos 30 dias. Por meio dessa tag, foi disseminado o discurso de que o parlamentar era um herói nacional, perseguido pelo Supremo e, especialmente, por Alexandre de Moraes.
Entre os cem tuítes mais compartilhados sobre Silveira no último mês, apenas quatro não foram publicados por personalidades de direita. Nesse grupo restrito, estão os perfis do Sensacionalista, dos pré-candidatos à Câmara Guilherme Boulos (PSOL) e Augusto de Arruda Botelho (PSB) e do PCO.
A publicação que teve mais curtidas e compartilhamentos foi de Jair Bolsonaro. Pouco depois de editar o decreto que deu o indulto da graça a Silveira, o presidente publicou o documento em seu perfil. O post foi curtido mais de 118 mil vezes e teve cerca de 25 mil retuítes. O desempenho, segundo Eler, é “fora da curva até para Bolsonaro”.
"Só o post do decreto de Bolsonaro é responsável por mais 40% do engajamento do presidente naquele dia. Seu índice de engajamento médio por post, normalmente, é de oito mil, somando likes e compartilhamentos. Esse post chegou a 143 mil, ou seja, praticamente 18 vezes mais", explicou.
Ainda que seus perfis oficiais estejam bloqueados em todas as plataformas no Brasil, por determinação do STF, Daniel Silveira conseguiu ganhar novos seguidores na rede. Os dois principais perfis criados para apoiar o deputado no Twitter — desde que ele teve sua conta suspensa pela plataforma — ganharam 65,7 mil seguidores ao todo, passando de 110,8 mil para 176,5 mil.
Eler explica que a Bites monitora essas contas, que publicam somente assuntos relacionados a Silveira e que foram criadas justamente quando o parlamentar perdeu o seu acesso. Portanto, mesmo sem contato direto, ele manteve sua base aglutinada.