Um helicóptero do Partido Republicano da Ordem Social (PROS), comprado com dinheiro público por R$ 2,4 milhões em 2015 — cerca de R$ 5 milhões em valores atuais —, foi localizado em um hangar na zona norte de São Paulo, após desaperecer em meio a investigações sobre uso indevido de recursos do Fundo Partidário.
Um helicóptero do Partido Republicano da Ordem Social (PROS), comprado com dinheiro público por R$ 2,4 milhões em 2015 — cerca de R$ 5 milhões em valores atuais —, foi localizado em um hangar na zona norte de São Paulo, após desaperecer em meio a investigações sobre uso indevido de recursos do Fundo Partidário.
Em meio à disputa judicial pelo comando da sigla, o atual presidente do PROS, Marcus Holanda, registrou no início do mês passado um boletim de ocorrência em que acusa seu antecessor pelo sumiço de bens da legenda avaliados em R$ 50 milhões, entre eles o helicóptero. A aeronave de prefixo PP-CHF foi fabricada em 2013, comporta quatro passageiros e tem operação negada para táxi aéreo, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O modelo é vendido por até R$ 10 milhões, conforme sites especializados.
A intenção do PROS é leiloar a aeronave para pagar parte de dívidas e cobranças feitas pela Justiça, além de investir nas próximas eleições. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desaprovou no início deste mês a prestação de contas do diretório nacional do PROS referentes a 2016. O colegiado determinou que o partido devolva R$ 11,25 milhões aos cofres públicos por não comprovar a compra de um avião e outros bens.
O helicóptero, encontrado em um hangar na região do aeroporto Campo de Marte com a ajuda de um ex-piloto contratado pela legenda, deve chegar nesta terça-feira a Brasília, onde passará por vistoria. Questionada, a Infraero disse que informações sobre o paradeiro da aeronave cabiam ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). A organização, subordinada ao Ministério da Defesa, não respondeu até a publicação da reportagem.
A sigla pretende ainda realizar uma auditoria para subsidiar um relatório que será encaminhado ao MP e à PF. Segundo o presidente do PROS, o partido vai analisar uma série de extratos para averiguar gastos relacionados ao helicóptero diante da falta de notas fiscais.
"Estamos saneando todos os problemas apontados pela Justiça, Ministério Público e Polícia Federal, auditando e identificando bens que foram adquiridos de forma irregular na gestão passada para, com toda a transparência e com devido acompanhamento legal, promover a vender das mansões, prédios, aeronave, parque gráfico e automóveis para repatriar o fundo partidário e ser dada a destinação prevista em lei" disse Holanda.
Disputa pelo comando
Holanda assumiu o comando do partido em 8 de março após o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) validar uma convenção realizada em julho de 2020 que o elegeu como líder da sigla. Eurípedes, que foi afastado por suspeita de corrupção com verba do Fundo Eleitoral, contestava a legitimidade do ato. A Justiça negou há cerca de duas semanas um pedido do ex-presidente do PROS para retomar o cargo, conforme mostrou o GLOBO.
Acusado de desvio de bens e recursos do PROS e lavagem de dinheiro, Eurípedes ingressou com um mandado de segurança para voltar à presidência do partido. A desembargadora Vera Adrighi indeferiu o pedido e afirmou que não foi constatada ilegalidade no processo, conforme argumentava a defesa.
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