MBL deixa o Podemos e muda para o União Brasil
Integrantes do movimento justificaram que clima na legenda de Sergio Moro se tornou 'insustentável' após episódio envolvendo Arthur do Val
Pouco mais de dois meses após filiar algumas de suas principais lideranças ao Podemos, o Movimento Brasil Livre (MBL) decidiu deixar a sigla do ex-juiz Sergio Moro e mudar para o União Brasil. Segundo integrantes do movimento, o clima na legenda se tornou insustentável após o episódio envolvendo o deputado Arthur do Val (sem partido), que teve áudios de conteúdo sexistas vazados no início do mês.
"Muitos parlamentares do Podemos pediram a cabeça do Arthur, defenderam a cassação dele. Isso deixou o clima muito ruim", afirmou o deputado federal Kim Kataguiri, que era do DEM e não chegou a deixar o partido após fusão com o PSL.
Segundo Kim, a principal motivação para a ida do MBL ao partido de Moro era a candidatura de Do Val ao governo de São Paulo. Como o próprio deputado retirou a sua candidatura e o Podemos não aceitou negociar um novo nome do MBL ao Palácio dos Bandeirantes, a migração do bloco deixou de ter "razão de ser", diz Kim.
"No União, nós temos mais espaço de atuação em comissões, mais tempo de televisão. Para nós faz mais sentido", completa o deputado.
Entre os nomes que estão com ida acertada para o União estão o vereador de São Paulo Rubinho Nunes, que vai disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, além de Amanda Vettorazzo, Cristiano Beraldo, Guto Zacarias e Renato Battista, pré-candidatos à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Adelaide Oliveira, que foi candidata a vice na chapa de Do Val à prefeitura de São Paulo, em 2020, será a única a permanecer no Podemos, pois tem maior proximidade com o ex-ministro da Justiça.
Ao GLOBO, Rubinho afirmou que a postura de alguns deputados, senadores e prefeitos do partido tornaram a relação "impossível e insustentável".
"Nossas conversas com o União evoluíram de forma significativa, respeitando nossa forma de atuar e liberdade para apoios, votos e opiniões. O partido ainda é estratégico, haja vista que garante posições em comissões importantes como CCJ e finanças, as quais serão vitais para contrapor um eventual governo Lula ou Bolsonaro", disse o vereador.
Sobre o apoio à candidatura de Moro, tanto Kim quanto Rubinho disseram que o movimento segue ao lado da candidatura do ex-juiz, que, na noite de segunda, jantou com o presidente do União, Luciano Bivar.