Em mudança de estratégia, PT planeja levar Dilma para propaganda na TV
Aparição da ex-presidente nos anúncios deve servir como vacina para ataques deadversários sobre seu governo
Com citações mínimas nos comerciais do PT exibidos nacionalmente desde que sofreu impeachment em 2016, a ex-presidente Dilma Rousseff estará presente nos spots que a legenda levará ao ar neste mês com a volta da propaganda partidária.
As peças foram produzidas pelo marqueteiro Augusto Fonseca, contratado para trabalhar na campanha presidencial de Lula. A propaganda do PT começará a ir ao ar no dia 24 deste mês e se estenderá até 17 de maio. O partido tem direito a 20 minutos de propaganda partidária distribuídos em spots de 30 segundos.
A decisão de levar Dilma à televisão implica uma mudança de estratégia do partido em relação ao tratamento dado à ex-presidente. Com a expectativa de que o seu governo se transforme no principal alvo dos adversários durante a campanha, o PT tenta se antecipar e adotar uma espécie de vacina para esgotar o debate sobre os problemas daquele período antes da campanha eleitoral.
Como parte dessa mesma estratégia, Lula encomendou, segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega a elaboração de um documento com a defesa da gestão Dilma e reconhecimento de seus equívocos.
Dilma não aparecerá em todos os comerciais, nem será a estrela principal, papel que caberá a Lula. Mas o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, confirmou que a expresidente estará nos spots. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também deve ter destaque.
As propagandas partidárias deixaram de ser exibidas em 2017 para compensar os gastos com o Fundo Eleitoral. Naquele ano, o PT apostou em Lula, que enfrentava as acusações levantadas pela Lava-Jato, mas mantinha o seu plano de concorrer à Presidência em 2018. Dilma foi citada apenas de forma pontual no programa com duração de dez minutos (formato de propaganda que não existirá agora).
A maioria das menções eram às mudanças ocorridas no país após a chegada de Lula ao poder ou às transformações promovidas pelos “governos do PT”. A ex presidente não falava na propaganda partidária e aparecia apenas em imagens de arquivo mostradas por poucos segundos.
Na campanha presidencial de 2018, Dilma foi deixada de lado, tanto no período em que Lula era candidato como depois que a cabeça da chapa foi assumida por Fernando Haddad. O ex-presidente teve a candidatura impugnada por ter sido enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Na época, ele possuía condenação judicial em segunda instância pelo caso do tríplex do Guarujá. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou essa condenação, o que permite a sua candidatura agora.
Em 2018, Dilma apareceu apenas em destaque na propaganda eleitoral de Minas, onde concorria a uma vaga no Senado. A entrada da ex-presidente naquela disputa foi avaliada como erro por muitos integrantes do partido. Ela acabou em quarto lugar e não se elegeu e ainda teria atrapalhado Haddad no segundo maior colégio eleitoral do país.
De acordo com petistas, em 2018, os índices de rejeição de Dilma constatados em pesquisas eram muito altos. Os eleitores atribuíam a ela responsabilidade pelos problemas econômicos enfrentados pelo país. Neste ano, Dilma decidiu que não será candidata a nenhum cargo. Ela vive em Porto Alegre e tem participações ocasionais em atividades do PT.
Em dezembro, a ausência da ex-presidente no jantar do grupo de advogados que reuniu publicamente, pela primeira vez, Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin, provável vice da chapa petista, provocou polêmica. A ex-presidente não foi convidada para o evento, que teve a participação de boa parte do mundo político em um restaurante do bairro dos Jardins, em São Paulo.
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