PGR diz que primeiro relatório da CPI "não atendia requisitos legais"
Senador Renan Calheiros havia apontado possível morosidade por parte de Aras para dar continuidade aos indiciamentos levantados pela CPI
Nesta sexta-feira (18), a Procuradoria-Geral da República afirmou que o envio do documento em que o Senado detalha os crimes que os investigados pela CPI da Covid teriam cometido em relação à pandemia comprova as críticas feitas pelo procurador Augusto Aras sobre o envio do primeiro material.
"O material inicialmente enviado à PGR não atendia aos requisitos legais o que, poderia prejudicar o exercício da ampla defesa e do contraditório", disse a procuradoria.
O texto, protocolado nessa quinta-feira (17) em nome dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM), foi uma tentativa do colegiado de fazer a PGR pressionar Aras a dar continuidade no processo de indiciamento das pessoas citadas pela cúpula no material .
Em nota pública, a Corte disse que o grupo liderado por Aras havia informado os senadores mais de uma vez sobre os riscos de se apresentar um documento extenso e sem a devida correlação entre cada fato praticado e os documentos pertinentes.
A PGR se manifestou sobre a situação após o senador Renan Calheiros, que foi relator da CPI, apontar possível morosidade por parte de Aras.
"Na sua estratégia de comprar tempo, a PGR pediu para a CPI da Covid individualizar provas, como se centenas delas já não fossem suficientes. Nesse ritmo, só falta a PGR pedir a exumação de 640 mil vítimas do descaso de Bolsonaro", disse Renan ontem.
No início da semana, o procurador afirmou que a direção da Comissão havia enviado um relatório "desorganizado" à PGR, com cerca de 1.200 páginas. "A CPI dizia entregar as provas que estariam vinculadas aos fatos de autoria daquelas pessoas indiciadas. Ocorre que não houve a entrega dessas provas", disse ele. "A PGR recebeu um HD com 10 terabytes de informações desconexas e desorganizadas."
Os parlamentares, porém, acreditam que a demora para avaliar o material é uma manobra de Aras para sabotar a continuação da investigação .
"Nas demais instâncias do Ministério Público, como nos órgãos da Procuradoria da República do Distrito Federal, as providências que se esperam no que concerne o relatório final da CPI têm sido adotadas sem os questionamentos suscitados pela PGR", afirmaram os congressistas.