A deputada federal Carla Zambelli (PSL) protocolou, na abertura do ano legislativo na última terça-feira (01), um projeto de lei para inscrever o nome do escritor e autointitulado filósofo Olavo de Carvalho no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, documento em que estão registrados os brasileiros que marcaram a história do país. O guru do bolsonarismo morreu aos 74 anos, nos Estados Unidos, na noite de 24 de janeiro.
O projeto é endossado por outros oito parlamentares bolsonaristas, que assinam como coautores. Entre eles, estão os deputados do PSL Major Fabiana, Carlos Jordy, Luiz Philippe de Orleans e Bragança e Daniel Silveira, que ficou preso por cinco meses por ameaçar a integridade física dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Também subscrevem o PL os deputados Coronel Tadeu, Cabo Junnio Amaral, Filipe Barros e Sanderson.
O livro dos Heróis e Heroínas da Pátria é mantido no Panteão da Pátria Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Nele, constam nomes como o escritor Machado de Assis, o líder Zumbi dos Palmares, revolucionária Anita Garibaldi, o primeiro presidente do Brasil, Marechal Deodoro da Fonseca, além do pai da aviação Santos Dumont e do imperador Dom Pedro I.
A homenagem, feita de aço, existe desde 7 de setembro de 1989 e tem valor simbólico na preservação da memória nacional. O livro incluía apenas 31 nomes até 2018, ocasião em que ganhou outros 21.
Na proposta, os parlamentares justificam que Olavo "era e continuará sendo saudado pela crítica como um dos mais originais e audaciosos pensadores brasileiros". Argumentam ainda que "a defesa intransigente da liberdade, a valorização da busca pelo conhecimento, e sua postura de participação cívica, o tornam merecedor desta homenagem".
"A obra de Olavo de Carvalho tem ainda uma vertente polêmica, onde, com eloquência contundente e temível senso de humor, ele põe a nu os falsos prestígios acadêmicos e as falácias do discurso intelectual vigente", afirma o documento. "Professor de gerações de brasileiros, sua obra despertou o interesse pela liberdade e por valores conservadores. Atualmente são milhares de seguidores e milhões de admiradores de seus ensinamentos e suas posições pró-liberdade", emenda.
Para integrar a coletânea, é necessária a aprovação pelo Senado e pela Câmara de um projeto de lei com o pedido de inclusão. Também é preciso que tenham se passado dez anos da morte ou da presunção da morte do eventual homenageado.
Em setembro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou uma lei que inscrevia o nome do médium Chico Xavier, considerado expoente do espiritismo. Em dezembro, o Senado aprovou um projeto para criar um Livro dos Heróis e Heroínas da Pandemia de Covid-19.
Após a morte de Olavo, Bolsonaro decretou luto oficial de um dia no país. Foi a segunda vez que o presidente publicou um decreto dessa natureza em seu governo.
O perfil oficial do governo federal abriu uma exceção e lamentou a morte de Olavo de Carvalho. Em outras perdas recentes de artistas e pensadores brasileiros, no entanto, não houve homenagens nem menções na mesma conta. Em alguns casos, a Secretaria Especial de Cultura se manifestou nas redes sociais — incluindo o do ideólogo.
Olavo de Carvalho foi diagnosticado com Covid-19 em 16 de janeiro, pouco mais de uma semana antes de morrer. A causa , no entanto, não foi confirmada.