Bolsonaro cita "interferências no Executivo" horas antes de depor à PF
Depoimento presencial à Polícia Federal, determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, foi marcado para hoje, mas não consta na agenda oficial do presidente
Na manhã desta sexta-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro (PL) participou da cerimônia de lançamento do Programa Nacional de Prestação de Serviço Civil Voluntário e falou sobre "interferências no Executivo", no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que ele preste depoimento à Polícia Federal .
"[Em 2021] enfrentamos também outras atribulações. Interferências no Executivo, as mais variadas possíveis", disse Bolsonaro. "Sempre, da nossa parte, jogando com aquilo que nós temos e aquilo que nós juramos respeitar por ocasião da nossa posse, a nossa Constituição", acrescentou.
Na ocasião, o presidente falava sobre os desafios enfrentados pelo governo nos últimos anos e não mencionou diretamente quem seria responsável pelas interferências. Em outros momentos, porém, o chefe do Executivo já acusou o Supremo e o próprio ministro Alexandre de Moraes de intervenções.
O evento é um dos únicos dois compromissos públicos de Bolsonaro previstos para hoje, de acordo com a agenda oficial
. O próximo, conforme o calendário, ocorre às 15h, uma hora depois do horário agendado por Moraes.
Além de ministros, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, participou da cerimônia desta manhã no Palácio do Planalto.
Depoimento à PF
Moraes determinou que Bolsonaro deve comparecer pessoalmente à Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal nesta sexta, às 14h, para prestar depoimento sobre suspeita de vazamento de documentos sigilosos .
A decisão do ministro foi em resposta a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) para que o mandatário não comparecesse ao depoimento. O presidente teria a prerrogativa de escolher data, horário e local para o interrogatório, mas a AGU apenas apresentou um pedido de dispensa. Dessa maneira, Moraes negou o pedido e determinou o comparecimento à PF para o depoimento.
A investigação sobre o vazamento de dados foi pedida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após Bolsonaro divulgar um inquérito sigiloso da Polícia Federal em agosto de 2021, na tentativa de atacar as urnas eletrônicas
.