Com críticas à aproximação entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido), o pré-candidato do Podemos à Presidência da República, Sergio Moro, participou nesta quarta-feira (26) da filiação do deputado estadual Arthur do Val e de outros nomes do MBL à sua legenda.
Moro fez afagos ao movimento, que ajudou a organizar protestos a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff desde 2015 e deve agregar uma base digital à sua candidatura. No discurso, fez ataques indiretos ao PSDB, embora já tenha conversado com o governador de Sâo Paulo João Doria, pré-candidato tucano à Presidência, sobre terceira via.
"Não é possível que a cada quatro anos nós tenhamos sempre as mesmas coisas. Quando a gente vai ver no fundo, como hoje tem esse movimento do ex-governador Alckmin em direção do PT, será que é tão diferente assim? Então a gente precisa ter realmente uma cara nova", afirmou Moro.
Segundo ele, é preciso "acabar com essa história de a cada quatro anos pensar entre PSDB e PT". Ao comentar a criação de uma candidatura de terceira via, o ex-juiz da Lava-Jato afirmou que essa negociação não deve ser feita "entre partidos políticos":
"União da terceira via não é entre partidos políticos. É entre movimentos, partidos, pessoas. É o que tá acontecendo hoje (filiação de integrantes do MBL)."
Na manhã desta quarta-feira, antes da filiação, Moro havia se reunido com outro grupo que atuou fortemente na internet a favor do impeachment de Dilma e em defesa da Lava-Jato: o Vem Pra Rua.
Em um vídeo que postou nas redes sociais, ao lado de quatro integrantes do grupo, Moro diz que se comprometeu com eles em aprovar o fim da reeleição, o fim do foro privilegiado, a prisão após segunda instância, entre outras medidas.
Ao conversar com jornalistas, Moro voltou a dizer que pretende apresentar os rendimentos que recebeu do escritório Alvarez&Marsal. Segundo ele, a polêmica começou porque tem gente que fica "fantasiando e mentindo".
"Quem não deve não teme, meus rendimentos são todos lícitos, normais. Eu não queria ceder ao abuso. Eu não vou apresentar ao TCU, porque está abusando do poder, o processo é ilegal, mas vou apresentar para todas as pessoas nas minhas redes sociais", disse o ex-juiz.
Questionado sobre a possibilidade de deixar o Podemos e se filiar ao União Brasil, afirmou que não haverá "debandada" do partido.
Recém-filiado ao Podemos, depois de sair do Patriota, Do Val deve ser o candidato do partido de Moro a governador de São Paulo. Eleito deputado estadual e 2018, ele terminou a eleição para a prefeitura da capital paulista em quinto lugar, em 2020. Ao discursar, o parlamentar afirmou que a terceira via nasce no estado de São Paulo.
"É o estado que mais rejeita Bolsonaro e o PT", afirmou ele. "O que o Podemos está fazendo aqui é dar uma cara de partido-movimento."
Além de Do Val, outros nomes do MBL devem se filiar ao Podemos na janela partidária: o deputado federal Kim Kataguiri, de saída do DEM, que deve concorrer à reeleição, e o deputado estadual Heni Ozi Cukier, de saída do Novo, que pode ser candidato ao Senado.