O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal tome os depoimentos de 14 pessoas que estiveram com o ex-deputado federal Roberto Jefferson durante a internação dele em um hospital do Rio de Janeiro entre 13 e 14 de outubro — ocasião em que o presidente afastado do PTB teria gravado um vídeo proferindo ofensas ao magistrado. A determinação é desta quinta-feira.
Moraes, que deu 15 dias para que as oitivas sejam realizadas, acolheu um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou a oitiva dos visitantes e funcionários do hospital que estiveram em contato com Jefferson. O depsacho é da subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo, braço-direito do procurador-geral da República, Augusto Aras.
Segundo Lindôra, "é indispensável a oitiva das pessoas que tiveram contato" com Jefferson para possibilitar a "identificação do(s) responsável(is) por sua divulgação".
Na lista das pessoas que devem ser ouvidas pela PF estão a esposa de Jefferson, Ana Lúcia Novaes, o advogado dele, Luiz Gustavo Cunha, e outras pessoas entre visitantes, seguranças da unidade hospitalar e enfermeiros.
Na gravação, o aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que "ora" "em desfavor do Xandão”, termo usado por Jefferson para se referir ao ministro do STF. Segundo o próprio ex-deputado, o vídeo foi produzido dentro das dependências do hospital.
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Ao responder a um pedido de explicações de Moraes, Jefferson fez uma provocação ao magistrado ao dizer que produziu o material para tratar da "maldição sobre os ímpios e perversos".
Em resposta a questionamentos feitos por Moraes, o hospital Samaritano informou que custeou um posto de vigilância privada, 24 horas por dia, em frente ao quarto do ex-deputado durante todo o período de internação dele, "ante a completa ausência de escolta da Polícia Federal". Já a PF disse não ter identificado a necessidade de vigilância pelo fato de Jefferson usar tornozeleira eletrônica.
Em dezembro, em manifestação ao STF, a PGR havia defendido que o ex-deputado seguisse preso preventivamente em razão de um comportamento que, nas palavras do órgão, "demonstram a ausência de comprometimento a cumprir as determinações judiciais que lhes são impostas".
Além de estar preso, Jefferson já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por seus ataques às instituições. A defesa havia apontado a existência de problemas de saúde para pedir sua transferência para a prisão domiciliar. Jefferson é aliado do presidente Jair Bolsonaro, por isso sua prisão provocou descontentamento no Palácio do Planalto.