Ricardo Barros vira réu em processo na Justiça Eleitoral do Paraná
Líder do governo na Câmara foi acusado pelo MP de influenciar compra de eólicas pela Copel
A Justiça Eleitoral do Paraná aceitou denúncia contra o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, e mais quatro pessoas. Segundo denúncia do Ministério Público do Paraná, o deputado teria recebido valores da Galvão Engenharia para facilitar a compra, pela Companhia Paranaense de Energia (Copel), de parques eólicos empresa. Em dezembro de 2013, a Copel anunciou a compra da carteira de projetos eólicos da empresa Galvão Energia e Participações por R$ 160 milhões, num total de 552,7 MW, o que incluía a participação de 50,1% na São Bento Energia e no Complexo Eólico Cutia, empreendimentos nos quais a COPEL possuía participação de 49,9%.
Na época, Ricardo Barros era secretário estadual de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul no Paraná. Segundo a denúncia, os valores teriam sido pagos em dinheiro ou por meio de doações eleitorais, entre 2011 e 2014. O processo corre sob sigilo de Justiça.
De acordo com o site G1, Jean Alberto Luscher Castro, executivo da Galvão Engenharia, e Eduardo Queiroz Galvão, do conselho de administração, são delatores no processo, e o deputado foi denunciado por lavagem de dinheiro, tráfico de influência e falsidade ideológica eleitoral.
A Galvão Engenharia foi uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato. Executivos e sócios da empresa assinaram acordo de delação premiada em 2017 com a Procuradoria-Geral da República e a força-tarefa de procuradores de Curitiba.
Em nota, o deputado nega as denúncias e acusa o Ministério Público do Paraná de "ativismo político" pelo fato de a denúncia ter sido protocolada quando estava na pauta a votação na Câmara da PEC-5, que alterava a composição do Conselho Nacional do Ministério Público.
"Auditorias independentes realizadas mostraram ausência de danos ao erário na compra do parque eólico. O próprio delator reconhece que a venda foi abaixo do preço. Não houve tráfico de influência", diz a nota.
O deputado afirma ainda que os pagamentos citados pelo MP foram lícitos e declarados no imposto de renda dele ou de suas empresas e que a doação eleitoral da Galvão Engenharia ao diretório nacional do PP foi "lícita e espontânea".
"Os valores foram distribuídos a vários candidatos que concorreram na eleição de 2014. A mim, foi destinado menos de 20 % do valor total, como reconhece o próprio MP eleitoral.
O deputado diz ainda que "a denúncia não se sustenta" e acusa ainda o MP de vazar informações sigilosas e criminalizar doações oficiais de campanha.