O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é o representante do executivo federal com a maior carga eleitoral negativa da história do país desde a redemocratização. Neste momento, o total do eleitorado que não votaria 'de jeito nenhum' no mandatário chegou a 59% - em comparação, o número é 21 pontos percentuais a mais que seu principal adversário no próximo pleito, o ex-presidente Lula (PT), que possui 38%. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
A rejeição atual de Bolsonaro é a maior já medida em todas as oito disputas anteriores - inclusive na dele próprio, em 2018. Ao ser eleito, Jair chegou no segundo turno com um índice de 44% do eleitorado que o rejeitava. Sua vitória se deu ao enfrentar outro candidato que possuía números similares - Fernando Haddad (PT) registrou na ocasião uma rejeição de 41%.
Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, afirma que o alto e inédito número pode ser revertido pelo presidente caso a vida do eleitorado mais pobre melhore ao longo dos próximos 12 meses.
"É um segmento numeroso, responsável numérico pela vitória de Bolsonaro em 2018, mas que foi abandonando essa opção e voltando para Lula ao longo da pandemia e das posturas do presidente. Esses eleitores são os mais pragmáticos. Se chegar algum dinheiro no bolso e comida na mesa, podem voltar a simpatizar com Bolsonaro", explica Paulino.
Na última pesquisa do instituto, o ex-presidente Lula encontrava-se na liderança com 42% a 46% - a depender do cenário posto aos entrevistados. Já Bolsonaro, em segundo lugar, pontou de 25% a 26%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
"Bolsonaro tem um caminho difícil pela frente e conta apenas com o exército das fake news e com o poder do Estado. Terá que mudar muito o comportamento e adotar medidas econômicas populares para reverter o quadro negativo atual. O brasileiro vota pela emoção, preponderantemente. É preciso aplicar a linguagem popular sem parecer falso. Não vejo ninguém com esse convencimento natural entre os nomes colocados", finaliza Mauro.