Governo comprou Covaxin após saber que prazo não seria cumprido, mostram e-mails

Empresa descumpriu o contrato, a vacina nunca conseguiu a aprovação da Anvisa e a CGU recomendou que o negócio fosse cancelado

Vacina indiana Covaxin
Foto: Reprodução
Vacina indiana Covaxin

E-mails apreendidos pela CPI da Covid na sede da Precisa Medicamentos e obtidos pelo GLOBO mostram que o laboratório indiano Bharat Biotech alertou a empresa brasileira de que não teria como cumprir o cronograma de entregas oferecido ao Ministério da Saúde. Ainda assim, o contrato foi fechado em 25 de fevereiro com uma promessa além da capacidade da Bharat .

A Precisa descumpriu o contrato, a vacina nunca conseguiu a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a CGU (Controladoria-Geral da União) recomendou que o negócio, investigado na CPI da Covid, fosse cancelado, o que acabou acontecendo. O órgão encontrou indícios de falsificação em documentos apresentados pela Precisa, o que a empresa atribui aos parceiros indianos.

Procurada, a Precisa Medicamentos não comentou até a publicação desta reportagem.

Em 4 de fevereiro, a diretora da Precisa Medicamentos Emanuela Medrades mandou um e-mail aos indianos prevendo a entrega de 20 milhões de doses em 90 dias após a assinatura do contrato. No dia seguinte, veio a resposta: "Estamos abertos a aumentar a quantia de 12 para 20 milhões de doses. Mas o cronograma de entrega que foi pedido não é viável para nós", diz Apoorv Kumar, funcionário da Bharat. Depois, ele pede para atrasar a entrega em "alguns meses"