Prevent tinha proteção do CFM e do governo para matar, diz Rogério Carvalho
Senador fez acusações após ouvir relatos da advogada Bruna Morato, representante de 12 médicos que denunciam operadora de saúde
Membro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) acusou o governo federal e o Conselho Federal de Medicina (CFM) de protegerem a atuação da Prevent Senior e, consequentemente, a autorizarem a matar. A operadora de saúde é acusada, entre outras coisas, de disseminar o kit "Covid", composto por remédios sem eficácia comprovada contra a doença, e de ocultar o registro de Covid-19 em mortes ocorridas em seus hospitais .
Para o parlamentar, essas e outras acusações que indicam ainda a adoção de cuidados paliativos para pacientes que não eram considerados terminais
, além do uso de humanos como cobaias para experimentos são exemplos muito graves. "Há um acordo para que a Prevent Senior tivesse autorização para matar", frisou Carvalho ao falar durante o depoimento da advogada Bruna Morato
, representante dos médicos que fazem denúncias contra a empresa.
"Porque se pode colocar em cuidado paliativo, sem que esse paciente esteja em estágio terminal (...), ele tem autorização para matar. Se ele retira o paciente do leito depois de 14 dias, ele tem autorização para matar (...) e essa autorização foi concedida por alguém que pode conceder, o governo Bolsonaro", acusou.
Nesse momento, o senador exibiu uma série de vídeos que mostram o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, revelando à CPI que o governo tentou mudar a bula da cloroquina para incluir o tratamento da Covid-19.
Nas imagens exibidas, apareceu ainda o médico Emmanuel Fortes, terceiro vice-presidente do CFM, defendendo o tratamento precoce contra a doença. "A gente vê que a Prevent Senior tinha proteção do Conselho Federal de Medicina, ela tinha proteção do governo federal, ela tinha proteção de vários órgãos e, portanto, tinha autorização para matar em nome do desenvolvimento de uma fórmula milagrosa para garantir, como foi dito aqui nesta CPI e no dia de hoje, que era preciso ter algo pra apresentar a sociedade pra que a sociedade pudesse voltar ao trabalho", apontou.
Com esse entendimento, Carvalho defendeu a convocação do secretário de Políticas Econômicas do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida. Segundo o senador, seu depoimento é necessário porque as irregularidades cometidas na Prevent tinham o objetivo de evitar o lockdown
e outras medidas de isolamento para conter os índices de coronavírus. Também na sessão de hoje, ele solicitou e os colegas aprovaram a abertura de uma investigação em caráter de urgência sobre as possíveis omissões do CFM, do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) quanto ao caso Prevent Senior.
** Ailma Teixeira é repórter nas editorias Último Segundo e Saúde, com foco na cobertura de política e cidades. Trabalha de Salvador, na Bahia, cidade onde nasceu e se formou em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), em 2016. Em outras redações, já foi repórter de cultura e entretenimento. Atualmente, também participa do “Podmiga”, podcast sobre reality show, e pesquisa sobre podcasts jornalísticos no PósCom/Ufba.