‘A democracia no mundo vive um certo grau de recessão’, diz Barroso

Presidente do TSE avalia que o Brasil corre ‘risco de turbulência’ caso siga exemplos da Hungria, da Polônia e da Venezuela

Foto: O Antagonista
Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta quarta-feira que as democracias estão em erosão a partir da união do populismo, do extremismo e do autoritarismo. Na visão dele, essa receita é universal para a corrosão do sistema de governo, já aplicada na Hungria, na Polônia, na Turquia, na Venezuela, na Nicarágua e em El Salvador, pode vir a se repetir no Brasil, causando “risco de turbulência”.

"A democracia no mundo vive um certo grau de recessão, de um certo risco. Três fenômenos se juntaram: o populismo, o extremismo e o autoritarismo. — argumenta. — Esse populismo extremista e autoritário tem características: em primeiro lugar, precisa de inimigos para justificar o fracasso inexorável. O populismo é uma forma de você oferecer resposta fáceis e erradas para problemas complexos. O extremismo precisa da mentira e do ódio e das teorias conspiratórias e o autoritarismo precisa criar medos artificiais para oferecer a solução do governo forte. É uma receita universal e, se por acaso vier a ser aplicada aqui, tem risco de turbulência."

Para o ministro, ainda não é possível prever como serão as Eleições de 2022, mas esses são “prognósticos razoáveis”. Barroso compara a democracia a um avião, que não tem um piloto só, mas vários que não a deixariam cair, como os Três Poderes, órgãos governamentais e a imprensa e reafirma a segurança do processo eleitoral, realizado com as urnas eletrônicas:

"O sistema é auditável em pelo menos uma dezena de vezes. O que é a urna eletrônica? É um computador onde você insere um programa. O único momento de manipulação humana no sistema eleitoral brasileiro é a elaboração do programa", disse, em live da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Nesse processo, partidos políticos, a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Polícia Federal (PF) e a Organização dos Advogados do Barsil (OAB) são convidados a participar e a fiscalizar, com base na transparência. Segundo Barroso, os códigos-fonte serão abertos em 4 de outubro, um ano antes do pleito.

Também há uma comissão de fiscalização formada por representantes das principais universidades brasileiras que têm ciência da computação, como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Além das instituições, também participarão o setor de tecnologia, membros da sociedade civil e de organismos governamentais, como o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Benjamin Zymler.