Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), publicou um story no Instagram — publicação que fica apenas 24 horas no ar — zombando da CPI da Covid, que investiga irregularidades na condução da pandemia pelo governo federal. Ela compartilhou uma postagem com os dizeres “me chamaram para a CPI do Lula ??”, fazendo menção a sua convocação pelo colegiado.
Com a postagem, Ana Cristina segue o exemplo de seu filho com o presidente, Jair Renan, que na tarde de segunda-feira fez uma provocação à CPI ao colocar uma foto de armas no story e escrever “Aloooo CPI kkkkk”. O gesto foi visto por senadores do colegiado como uma ameaça à comissão.
Na semana passada, a CPI aprovou a convocação de Ana Cristina . Os integrantes da comissão miram nas relações dela e do clã presidencial com o lobista Marconny Faria, responsável por intermediar negócios da Precisa Medicamento, investigada pelo colegiado, com o Ministério da Saúde.
Ela é apontada como uma das organizadoras do esquema de rachadinha nos gabinetes dos filhos mais velhos do presidente: Flávio, na época deputado estadual na Alerj, e Carlos, vereador pelo Rio. Há também a suspeita de que Ana Cristina tenha cometido tráfico de influência ao usar sua proximidade do ex-secretário-geral da Presidência e a atual ministro do Tribunal de Contas da União, Jorge Oliveira, para apontar nomeações a cargos públicos que seriam indicadas por Marconny.
Além disso, há evidências da proximidade entre o lobista, Ana Cristina e Jair Renan . Em seu depoimento à CPI, Marconny admitiu ter usado o camarote do filho “04” e que o orientou sobre abertura de empresa .
Ainda que a expectativa da CPI fosse extrair o máximo de informação de Ana Cristina que possa ir além da órbita do Ministério da Saúde, ela não deve prestar depoimento à comissão por não haver consenso entre os senadores. Alguns parlamentares avaliam que seu depoimento poderia sair do escopo da comissão.