Na próxima semana, a última da CPI da Covid , a comissão deve fazer reuniões diárias no fim da tarde com grupos de juristas e, no último dia, encerrar os trabalhos em uma cerimônia com representantes de familiares de vítimas da pandemia de todos os estados da federação. Em seguida, será apresentado o relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Segundo Calheiros, a apresentação da conclusão do trabalho pode ocorrer na quinta-feira, 23, ou na sexta-feira, 24, a depender do cronograma estabelecido em reunião da cúpula da CPI nesta terça-feira. Do dia 14 ao 20, serão ouvidos juristas reunidos pelo ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, e o grupo Prerrogativas, com criminalistas como Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
A ideia é antecipar a discussão jurídica que fundamentará o relatório, trazendo uma visão externa sobre como investigados poderiam ser responsabilizadas pelos fatos descobertos durante a CPI, quais crimes eventualmente podem ter cometido e como deve ser a recomendação de indiciamento do relator.
Um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Miguel Reale Júnior preparou um parecer que deve ser entregue em breve à comissão. Segundo ele, trata-se de uma "análise da qualificação jurídica dos fatos" e deve categorizar quais delitos foram potencialmente cometidos pela cúpula da administração pública durante a pandemia. Um grupo de juristas, incluindo Sylvia Steiner e Helena Lobo da Costa, trabalhou no documento.
Senadores estão discutindo sob quais moldes deve ocorrer a cerimônia final. O relator defende que representantes dos familiares dos mortos de todas as unidades da federação sejam ouvidos para dar um breve depoimento sobre a pandemia em seus respectivos estados.
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Apesar de a CPI da Covid caminhar para a reta final, o presidente da comissão, Omar Aziz, diz que os senadores avaliam um "fato importante" e que, se confirmado, poderia prorrogar "um pouco mais" o trabalho do colegiado. Em entrevista à Globonews nesta terça-feira, o parlamentar disse que há "fortes indícios" da participação de outros suspeitos nas negociações da compra da Covaxin.
Senadores ainda avaliam quem irão chamar para depor na última semana. Alguns defendem a convocação de Karina Kufa, advogada do presidente Jair Bolsonaro, por suas relações com Marconny Faria. Há também a ideia de convocar o ex-secretário Executivo da Saúde, Elcio Franco, considerado um dos personagens centrais na atuação do governo no combate à pandemia da Covid-19 e que foi nomeado num cargo na Casa Civil.
Nesta semana, os depoimentos já foram definidos. Nesta terça-feira, parlamentares ouvirão Marcos Tolentino, apontado como sócio oculto do FIB Bank, empresa que afiançou a compra da vacina indiana Covaxin. Na quarta-feira, será a vez do lobista Marconny Faria prestar esclarecimentos. Na quinta-feira, a comissão questionará Danilo Trento, diretor de relações institucionais da Precisa.