Barroso diz que é "cansativo ter que desmentir falsidades" de "maus perdedores"

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rebateu as afirmações realizadas por Jair Bolsonaro durante os atos antidemocráticos

Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF/Fotos Públicas
Barroso diz que é 'cansativo ter que desmentir falsidades' de 'maus perdedores'

Dois dias após os novos ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) às eleições e ao sistema das urnas eletrônicas durante as manifestações por ocasião do dia 7 de setembro , o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, fez um discurso em defesa do sistema eleitoral e rebateu as afirmações "inverídicas" e "mentirosas" feitas pelo mandatário.

"Já começa a ficar cansativo no Brasil ter que repetidamente desmentir falsidades para que não sejamos dominados pela pós-verdade, pelos fatos alternativos, para que a repetição da mentira não crie a impressão de que ela se tornou verdade.  É muito triste o ponto a que chegamos. Para maus perdedores, não há remédio na farmacologia jurídica", disse Barroso, que chamou as afirmações de Bolsonaro de mentirosas.

Ainda segundo o presidente do TSE, que é um dos principais alvos de ataques propalados por Bolsonaro, o presidente, ao falar sobre as eleições, faz uso de uma linguagem abusiva e da mentira que fere o trabalho de milhares de juízes e servidores da Justiça Eleitoral, "que servem ao Brasil com patriotismo".

Durante as manifestações do dia 7 de setembro, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar as eleições e declarou que o atual sistema "não oferece qualquer segurança", embora nenhuma fraude tenha sido descoberta nos últimos 25 anos, desde que a urna eletrônica passou a ser usada no Brasil:


"Acreditamos e queremos a democracia. A alma da democracia é o voto. Não podemos admitir um sistema eleitoral que não oferece qualquer segurança (...) para as eleições. Dizer também que não é uma pessoa do Tribunal Superior Eleitoral que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável. (...) Não podemos admitir um ministro (...) usar sua caneta ...", afirmou o presidente, que completou com uma defesa do voto impresso:

"Queremos eleições limpas, democráticas, com voto auditável e contagem pública dos votos. Não podemos ter eleições que pairem dúvidas para os eleitores. Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada ainda pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral."