Presidência publica fotos de bolsonaristas com cartazes antidemocráticos
Flickr oficial do Planalto exibiu imagens nas quais apoiadores de Jair Bolsonaro fazem apelo à destituição de ministros do STF e à intervenção militar, pauta apoiada por uma minoria no país
O perfil oficial do Planalto no Flickr publicou nesta terça-feira fotos dos atos de 7 de setembro nas quais aparecerem apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com cartazes em apelo à destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e à intervenção militar. As imagens ainda mostram bolsonaristas criticando o passaporte de vacinas e pedindo a adoção do voto impresso nas próximas eleições, mesmo após a Câmara rejeitar projeto que previa sua instituição no pleito de 2022.
Em dois álbuns intitulados "Comemorações pelo dia da Independência", constam fotos que destacam os manifestantes exibindo mensagens antidemocráticas durante os protestos em Brasília e em São Paulo. Entre os dizeres, alguns em outros idiomas, também há menções inverídicas sobre ataques à liberdade de expressão e recados de apoio irrestrito ao chefe do Executivo.
"Nós, povo brasileiro, exigimos: não ao passaporte da vacina; destituição dos ministros do STF; políticos corruptos na cadeia", dizia um cartaz em inglês. "Somos contra a ditadura dos ministros da Suprema Corte", apregoava outro. "Presidente Bolsonaro, acione as Forças Armadas", pediam em um banner.
Em outra foto, aparece em destaque um cartaz fixado em um prédio com a frase "ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil", retirada do hino da Independência do Brasil. Em tom golpista, outro banner exposto ao fundo de um dos clique na Avenida Paulista afirma:"Bolsonaro, você tem a autorização do povo do Brasil para fazer o que precisar".
Questionada sobre a seleção das fotos, a assessoria de imprensa do Planalto ainda não deu retorno.
Além de imagens das manifestações com pautas antidemocráticas escancaradas pelos apoiadores do presidente, os álbuns ainda expõem fotos de aliados de Bolsonaro, como a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que depôs à Polícia Federal sobre a organização dos atos; os pastores Silas Malafaia e Marcos Feliciano; o empresário Luciano Hang; o ex-ministro Ricardo Salles, investigado pela PF; e integrantes do governo, entre eles o secretário especial de Cultura, Mário Frias.
Os atos foram convocados pelo próprio presidente nas redes sociais e forom pautados por ameaças antidemocráticas, como os fechamentos do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso, além de pedidos por intervenção militar. Os protestos ocorreram em meio a uma forte queda na popularidade do presidente, com alta da inflação, crise energética e com o país sob a pandemia da Covid-19 que já tirou a vida de 580 mil brasileiros.
Ao discursar aos manifestantes presentes nos atos em Brasília e São Paulo, Bolsonaro adotou tom golpista, atacou ministros do STF e sugeriu que não aceitará uma derrota nas próximas eleições. O apoio a uma intervenção militar é pauta de uma minoria no país. Pesquisas mostram que mais de 70% dos brasileiros defendem a democracia.