CPI da Covid ouve advogado suspeito de ter envolvimento na compra da Covaxin
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CPI da Covid ouve advogado suspeito de ter envolvimento na compra da Covaxin

CPI da Covid ouve nesta quarta-feira o empresário Marcos Tolentino, suspeito de ser sócio oculto da empresa FIB Bank. A empresa é responsável por emitir uma carta-fiança irregular apresentada pela Precisa Medicamentos ao Ministério da Saúde durante a negociação da vacina indiana Covaxin.

Ele foi autorizado pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), a ficar em silêncio ao ser questionado sobre pontos que considere que possam incriminá-lo.

Tolentino é amigo do líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), que também é alvo da CPI, segundo disse o próprio Barros em seu depoimento . O deputado, porém, negou ao Globo ter conhecimento do envolvimento de Tolentino com a fiadora da Covaxin. O empresário nega ser sócio da empresa.

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Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) obtido pelo Globo aponta a ligação entre Tolentino e a empresa. "Em consulta interna identificamos que o cliente (FIB Bank) possui histórico de bloqueios judiciais de natureza ação trabalhista. Em nossos sistemas internos consta como referência comercial da empresa Marcos Tolentino da Silva”, diz trecho do relatório.

Tolentino também é citado em ações judiciais como “sócio oculto”, conforme antecipou o jornal “Folha de S. Paulo”, e consta como procurador e representante legal de uma empresa sócia do FIB Bank, a Pico do Juazeiro. Essa firma é registrada no mesmo endereço da Rede Brasil de Televisão, principal empresa de Tolentino.

O FIB Bank deu a carta-fiança apresentada pela Precisa ao Ministério da Saúde para cumprir uma das etapas da negociação da vacina. O documento afiançava o valor de R$ 80,7 milhões, equivalente a 5% do R$ 1,6 bilhão do contrato. No entanto, a empresa não tem autorização do Banco Central para oferecer esse tipo de garantia. A Precisa pagou R$ 350 mil pela carta, segundo quebra de sigilo bancário em mãos da CPI.


No documento do Coaf, a instituição considera que “as movimentações havidas em conta são incompatíveis com o faturamento declarado, com recebimentos de créditos com o imediato débito dos valores, com indícios de burla de bloqueio judicial”.

Roberto Pereira Ramos Junior, formalmente presidente da empresa, foi ouvido pela CPI em 25 de agosto. Roberto negou inicialmente que Tolentino fosse o dono do FIB Bank ou que exercesse qualquer nível de gerência na empresa. Depois, questionado novamente se Tolentino tinha alguma relação com a empresa, mudou um pouco o tom e disse que isso não era de seu conhecimento. Mas reconheceu que Tolentino é advogado do empresário Ricardo Benetti, que, por meio da empresa Pico do Juazeiro, é sócio do FIB Bank. Também afirmou que Tolentino é procurador da Pico do Juazeiro.

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