Ministro Ramos diz que ditadura militar é questão de 'semântica'
Titular da Secretaria-Geral afirma que regime foi de 'exceção' e 'muito forte', mas com Congresso funcionando, apesar de ter sido fechado
O ministro da Secretaria-Geral, Luiz Eduardo Ramos, afirmou nesta quarta-feira (18) que a discussão sobre como classificar a ditadura militar é questão de "semântica" e chamou o governo de "regime militar de exceção". Na véspera, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, já havia negado a existência da ditadura e dito que houve um "regime forte".
Durante audiência na Câmara, Ramos comparou o governo militar, ocorrido entre 1964 e 1985, com outra ditadura, de Getúlio Vargas, realizada entre 1937 e 1945. Para o ministro, ao contrário do governo de Vargas, o Legislativo funcionava durante a ditadura, apesar de admitir que o Congresso foi fechado.
"Agora, isso aí é uma semântica, ditadura, não ditadura. O que eu sei é que durante o governo Vargas o Congresso não funcionava havia um controle muito grande da polícia, do Estado, à época. E durante o governo do regime militar nós tínhamos um Congresso, pode ter sido fechado, mas funcionando. Então eu diria que foi um regime militar de exceção, muito forte."
Na terça-feira, também durante uma audiência na Câmara, Braga Netto afirmou considerar que não houve ditadura:
Não, não considero que tenha havido uma ditadura. Houve um regime forte, isso eu concordo, cometeram exceções dos dois lados, mas isso tem que ser analisado na época da história, de Guerra Fria e tudo mais. Não pegar uma coisa do passado e trazer para os dias de hoje. Se houvesse ditadura, talvez muitos dos... Muitas pessoas não estariam aqui."