Após fim do voto impresso, Lira diz que "esticar das cordas passou dos limites"
Presidente da Câmara dos Deputados reitera que o presidente Jair Bolsonaro deixou claro que respeitaria o resultado da votação e afirma que situação precisa voltar 'à normalidade'
Após nova derrota do governo na Câmara dos Deputados, que rejeitou o voto impresso , o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), tentou pedir moderação ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ao Poder Judiciário. Lira disse que o assunto, do ponto de vista político, está encerrado. Ele acrescentou que espera que haja "bom senso" para que a decisão do Poder Legislativo seja respeitada.
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O presidente da Câmara também apelou aos Poderes para que haja uma solução que amplie a auditagem das urnas durante as eleições.
"A PEC vai ao arquivo e esse assunto está encerrado aqui esse ano. Trabalhamos para dar ponto final nessa situação. O esticar das cordas passou de todos os limites. Temos de trazer para a normalidade. Não podemos chegar à eleição com a versão de queeste ou aquele foi prejudicado", afirmou Lira em entrevista à GloboNews após avotação.
"É preciso que haja bom senso a partir de agora, tanto do Poder Executivo, quanto do Judiciário, para que podemos nos sentar e escolher uma maneira racional, clara, objetiva, de aumentarmos a transparência, a auditagem, as dúvidas que por acaso possam pairar sobre o sistema eleitoral na forma como se conduz. Dúvida de alguns brasileiros, de muitos brasileiros, que devem ser respeitados."
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O deputado disse que a "obrigação" dos atores envolvidos é, neste momento, ter parcimônia, "sem polarização". Nos últimos meses, Bolsonaro ameaçou diversas vezes a realização das eleições de 2022. Condicionou o pleito à implementação do voto impresso.
"Neste momento, nossa mensagem para todos os poderes é reconhecer os resultados. É da democracia. Não acredito que haja outro comportamento por parte do presidente Bolsonaro. Como eu disse, ele disse que respeitaria o resultado."
Lira disse que ainda não há um formato definido para que a Justiça Eleitoral possa tornar a auditagem das urnas mais "transparentes". Esse é um assunto que tratará "em breve", quando for recebido pelo Tribunal Superior Eleitoral.
"Essas conversas devem acontecer, e espero que aconteçam rapidamente. Para que se aumente a transparência. Já existe sistema de auditabilidade com 100 urnas. Que possa passar para mil urnas, (com supervisão de) outros participantes. Com o ITA, do Exército, de fundações importantes, de quem criou o sistema...", sugeriu.
Por 229 votos a favor e 218 contra e uma abstenção, o governo foi derrotado mais uma vez, e o texto do voto impresso foi arquivado — são necessários ao menos 308 votos para alterar a Constituição. Lira considerou o resultado esperado.
"O resultado é o resultado previsível que todos estavam fazendo as contas"