Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR)
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR)

O líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), deixou de comparecer nesta terça-feira a uma cerimônia de vacinação em Foz do Iguaçu, no Paraná, cidade da região de fronteira que faz parte de seu reduto eleitoral. Foi o deputado quem solicitou ao Ministério da Saúde o envio de imunizantes contra a Covid-19, medicamentos para kit intubação, como analgésicos e bloqueadores musculares, e testes para barrar o avanço da variante delta, já disseminada na Argentina.

Ao GLOBO, o deputado negou que a ausência tenha ocorrido para evitar constrangimentos ao ministro Marcelo Queiroga diante do escândalo das vacinas investigado pela CPI da Covid, com denúncias de irregularidades na compra da Covaxin. Em nota, o parlamentar disse por meio de sua assessoria: "Já estou agendado por todo o recesso. Não há constrangimento, nada devo".

Durante a cerimônia, Queiroga vacinou a população da cidade . Com o envio de doses extras, a pasta incluiu quem mora em municípios de fronteira como prioridade na imunização. A entrada e a disseminação de cepas, como a delta — oriunda da Índia e já alastrada pela Argentina — e a lambda, detectada pela primeira vez no Peru, são preocupações para o Brasil.

— O trânsito dos cidadãos de países vizinhos pode trazer e levar doenças. Por isso, o controle sanitário é necessário para que consigamos ter uma promoção em saúde em padrões que desejamos para o Brasil e para os nossos irmãos da América do Sul — afirmou o cardiologista.

Barros justificou a sua ausência no evento dizendo que cumpre agenda no Paraná durante o recesso parlamentar e não poderia mudar compromissos. Atualmente no sexto mandato como deputado federal, o líder do governo começou a sua carreira política no Paraná e se elegeu prefeito de Maringá de 1989 a 1993. Além disso, ocupou o cargo de ministro da Saúde durante o governo de Michel Temer (MDB), entre 2016 e 2018.

"Fico satisfeito que o ministro Marcelo Queiroga venha a Foz do Iguaçu para atender essa importante demanda de vacinas extras para a região. (...) Como faço todos os anos, utilizo parte do recesso parlamentar para visitar as lideranças e as cidades que compõe a minha base eleitoral. As viagens iniciaram nesta segunda-feira e não posso alterar a agenda", afirmou Barros, em nota enviada por sua assessoria.

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O pedido do líder do governo foi enviado ao Ministério da Saúde em 25 de maio. O deputado anexou ao ofício pedidos da prefeitura da cidade e do Hospital Municipal Padre Germano Lauck, unidade que faz parte da visita de Queiroga à Foz do Iguaçu.

“O município de Foz do Iguaçu enfrenta situação crítica em relação à pandemia da COVID-19, com falta de medicamentos para intubação, 100% de ocupação de leitos de UTI, necessidade urgente de barreira sanitária e testagem por situar-se na fronteira aberta do Brasil com a Argentina, tendo em vista a circulação da confirmação da cepa indiana na Argentina”, justificou o líder do governo do pedido enviado em 25 de maio.

Em depoimento à CPI da Covid, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) citou o líder do governo ao ouvir a denúncia sobre a compra da Covaxin, intermediada pela Precisa Medicamentos. O caso levou o Conselho de Ética a instalar um processo contra Barros na última semana. A saída dele da liderança também foi pleiteada pela bancada evangélica. O parlamentar nega as acusações.

Mesmo diante da queda do número de novos casos e mortes, o Brasil permanece em estado de alerta diante do número elevado de internações. O país patina na vacinação e já vê o prenúncio de uma quarta onda do coronavírus. Mais de 90 milhões de pessoas já tomaram a primeira dose, o que equivale a 42,51% da população brasileira. No entanto, pouco mais de um terço, isto é, 34.357.342 pessoas (16,22%) estão totalmente imunizadas, seja com as duas doses ou com a vacina da Janssen, aplicada em dose única. Os dados, atualizados até a noite de segunda feira, são do consórcio de impresnsa do qual O GLOBO faz parte.

A reportagem procurou o Ministério da Saúde para saber se os medicamentos do kit intubação e testes também foram enviados à cidade, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

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