Dirceu pede que STF investigue uso de seu nome por Bolsonaro em ataque a Barroso
Presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores dizem que Dirceu estaria utilizando um dossiê para chantagear ministros da Corte com a intenção de barrar a implementação do voto impresso
A defesa do ex-ministro de Estado José Dirceu entrou com requerimento no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que seja investigada a "disseminação de notícias falsas envolvendo seu nome, com ataques extremamente ofensivos, vulgares e graves a ministros" da própria corte. Os advogados se referem a ataques de apoiadores de Bolsonaro e à alegação do próprio presidente que, em sua conta em uma rede social, relacionou Dirceu a um suposto envolvimento de um ministro do Supremo em caso de pedofilia.
- Vamos supor uma autoridade filmada numa cena com menores (ou com pessoas do mesmo sexo ou com traficantes) e esse alguém ("Daniel") passe a fazer chantagem ameaçando divulgar esse vídeo.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 5, 2021
A fake news diz que Dirceu teria vídeos que podem comprometer o ministro Luís Roberto Barroso e que estaria usando essas supostas imagens para chantageá-lo a fim de barrar a implementação do voto impresso — pauta defendida por pelo chefe do Executivo diariamente.
"Em uma narrativa absolutamente desvairada, divulgada inicialmente em blogs obscuros da internet e, infelizmente, amplificadas pelo perfil de rede social do Exmo. Presidente da República, as fake news dão conta da estapafúrdia e abjeta ideia de que o peticionário estaria chantageando ministros dessa Corte, mediante vídeos de conteúdo fantasioso e absolutamente inverossímil, no intuito de obter decisões que lhe fossem favoráveis", dizem os advogados de Dirceu.
O documento enviado ao STF elenca mensagens enviadas em grupos de Whatsapp de apoiadores de Bolsonaro. Segundo a defesa de Dirceu, Bolsonaro teria "dado o sinal da perfídia que iria ser veiculada em sua rede social" quando afirmou a apoiadores que não sabia "se o ministro Luís Roberto Barroso seria 'refém de alguém' para ser contra o voto impresso".