Bolsonaro negociou vacinas com atravessadores fora da agenda, indicam mensagens

Mensagens no celular de Dominguetti indicam encontro entre presidente e reverendo que representava intermediários da AstraZeneca

Foto: Reprodução/redes sociais
Bolsonaro teria se encontrado com reverendo, que intermediava venda de vacinas da AstraZeneca

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria se reunido com atravessadores representantes da AstraZeneca, em uma tentativa de vender vacinas contra a covid-19 para o Ministério da Saúde. É o que indicam as mensagens encontradas no celular do cabo da Polícia Militar, Luiz Paulo Dominguetti, e que agora encontram-se sob posse da CPI da Covid . As informações são do jornalista Robson Bonin.

O encontro teria ocorrido entre o capitão e o reverendo Amilton Gomes de Paula de forma não oficial, já que não constam registros ou anúncios na agenda oficial do presidente.

Segundo Dominguetti, Bolsonaro cobrou pessoalmente os documentos que viabilizariam uma operação milionária junto ao governo federal. Nas tratativas, o pedido de propina de 1 dólar por dose comercializada já estaria incluso na proposta.

Dominguetti escreve para Rafael Compra Deskartpak, outro atravessador: "Manda o SGS. Urgente. O Bolsonaro está pedindo. Agora". SGS é o termo denominado ao certificado de garantia da procedêcia do produto.

Rafael responde: “Dominghetti, agora são 5 da manhã no Texas. E outra. Jamais será enviado uma SGS (O “SGS” é um certificado que garante a procedência do produto) sem contrato assinado”.


O cabo da PM argumenta que "o reverendo está em uma situação difícil neste momento. Ofereceu a vacina no ministério. Presidente chamou ele lá”. E continua: "O presidente tá apertando o reverendo. Ele está ganhando tempo. Tem um pessoal da Presidência lá para buscar o reverendo”.