Com o Brasil ainda dependente da importação de insumos da China para a produção de vacinas contra Covid-19 , o Itamaraty buscou minimizar nesta segunda-feira atritos com o país asiático. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a causar polêmica com a insinuação de que a pandemia seria parte de uma “guerra química”.
A China é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil . Após a declaração de Bolsonaro, o governo chinês reagiu e afirmou se opor à "politização e estigmatização do vírus".
Em audiência no Senado sobre os entraves à aquisição de vacinas no país, o diretor de Direitos Humanos e Cidadania do Ministério de Relações Exteriores , João Lucas Quental de Almeida, disse que o Itamaraty "não tem medido esforços" nas negociações e elogiou os chineses.
"Nós devemos de fato louvar a China (...) porque a China é um país que realmente tem mais exportado IFAs (ingredientes farmacêuticos ativos) e vacinas neste momento de pandemia. A China exportou metade de toda a sua produção. Nenhum outro país chega perto a isso, e nós reconhecemos plenamente esse esforço gigantesco da China para ajudar mundo e o Brasil, particularmente, nesse momento".
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O diretor do Itamaraty ressaltou também a alteração de cenário mundial com a posição favorável dos Estados Unidos com a quebra de patente para produção de vacinas contra o coronavírus. O objetivo é facilitar a ampliação da produção de vacinas pelo mundo.
Com os atrasos na importação do IFA produzido por empresas privadas da China, a senadora Kátia Abreu (PP-TO), defendeu negociação para a compra de vacina produzida pela farmacêutica estatal chinesa Sinopharm. O Instituto Butantan suspendeu a produção da Coronavac por falta de insumo.
"O cenário como um todo se alterou e, o Brasil, como todos os outros atores, precisa refletir e eventualmente ajustar a sua posição – disse Almeida, completando : - Estamos nos engajando via nossa missão junto a OMC (Organização Mundial do Comércio), em Genebra, para tentar negociar com Estados Unidos e outros países um acordo que seja aceito por todos", afirmou Almeida.
Na audiência, o embaixador da Rússia no Brasil, Alexey Labetskiy, defendeu a vacina Sputnik V , que teve importação negada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa ). No entanto, ele disse que está “otimista” em uma solução para resolver os entraves para a utilização do imunizante no Brasil.