Com CPI, Carlos Bolsonaro retoma comunicação e aconselha radicalizar discurso
Para ele, o presidente deve partir para o confronto, agradando à militância ideológica e ajudando a desviar o foco dos problemas do governo. Principal argumento é que a suposta moderação dos últimos meses não impediu a CPI
Com a pressão da CPI da Covid sobre o Palácio do Planalto
, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) retomou as rédeas da narrativa do presidente Jair Bolsonaro. O vereador passou duas semanas em Brasília, retornando ao Rio de Janeiro na última sexta-feira, 30. No período na capital federal, esteve diversas vezes com o pai no gabinete presidencial e ajudou a rever a estratégia de comunicação do governo, fechando-se ainda mais para a imprensa e com foco nas redes sociais. Como em outros momentos de crise, Carlos, mais uma vez, aconselhou o presidente a partir para o confronto que agrada à militância ideológica e ajuda a desviar o foco dos problemas do governo.
O principal argumento de Carlos é que a suposta moderação adotada por Bolsonaro nos últimos meses, sugerida por ministros e aliados do Centrão, não foi suficiente para impedir a CPI da Covid, instalada por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro também se frustrou com a escolha do senador Osmar Aziz (PSD-AM) como presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) na função de vice, e Renan Calheiros (MDB-AL) como relator.
O efeito prático da ingerência do filho foi sentido mais claramente no discurso de Bolsonaro ontem no Palácio do Planalto . Interlocutores do presidente viram digitais de Carlos na fala do chefe do Executivo com recados indiretos ao STF e insinuações contra a China, principal parceiro comercial do Brasil.