Nesta quarta-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar a imprensa por ser cobrado sobre o uso de máscara de proteção contra a Covid-19 e chamou de "canalha" quem é o contra o chamado tratamento precoce contra a doença. A declaração foi feita durante cerimônia no Palácio do Planalto.
A defesa do tratamento precoce é, inclusive, um dos alvos da CPI da Covid , que tem o objetivo de investigar possíveis omissões do governo no combate à pandemia. O método promovido pelo presidente consiste no uso de medicamentos como a hidroxicloroquina, substância com ineficácia comprovada cientificamente no tratamento da doença.
"Canalha é aquele que é contra o tratamento precoce e não apresenta alternativa. Esse é um canalha. O que eu tomei [para tratar a Covid], todo mundo sabe. Ouso dizer que milhões de pessoas fizeram esse tratamento. Por que é contra?", disse Bolsonaro durante discurso no Palácio do Planalto.
Ele afirmou esperar que a CPI investigue o resultado do uso em massa da cloroquina durante o colapso na saúde de Manaus (AM) e questionou os motivos de quem se mostra contra a distribuição do medicamento. "Espero que a experiência de Manaus com doses cavalares de hidroxicloroquina seja completamente desnudada pelos senadores. Por que não se investe em remédio? Por que é barato demais? É lucrativo para empresas farmacêuticas ou para laboratórios investir no que é caro? Nós conhecemos isso", acrescentou.
O presidente também continuou dizendo que a comissão será essencial para mostrar possíveis desvios do dinheiro enviado pelo governo a estados e municípios no combate à doença. "Essa CPI , eu tenho certeza, parlamentares, senadores, em especial, vai ser excepcional no final da linha. Que vai mostrar sim o que alguns fizeram erradamente com os bilhões entregues pelo governo para os seus respectivos estados e municípios. Junto àqueles que são isentos e apoiam a verdade, senadores, estamos sugerindo que seja convocado ou convidado autoridades que venham falar do tratamento precoce", afirmou.
Ataque à imprensa
Na mesma ocasião, enquanto falava da realização das obras no país, voltou a criticar a imprensa e disse que os jornalistas não falam das obras porque se preocupam apenas em dizer que ele "circula sem máscara".
"Isso tudo se reflete em coisas boas para o nosso governo e nós, através da mídias sociais, que vai mostrar a ponte, a obra, e não repetir na mesma tecla 'o presidente estava sem máscara na inauguração'. Já encheu o saco isso, pô", disse Bolsonaro durante a Cerimônia de Abertura da Semana das Comunicações.
Ainda, o presidente também insinuou que a Covid-19 possa ter nascido "em laboratório", mas não mencionou a China . "É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês", concluiu.
De acordo com estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é "extremamente improvável" que o vírus tenha sido fruto de incidente em laboratório , sendo "possível ou provável" que a origem seja o contágio direto de animal para humano.