Omar Aziz (PSD-AM) é o nome indicado para comandar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid
Pedro França/Agência Senado
Omar Aziz (PSD-AM) é o nome indicado para comandar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid

Acordo entre parlamentares que vão compor a CPI da Covid prevê que o senador Omar Aziz (PSD-AM), de 62 anos, presidirá o colegiado. Aziz tem o apoio do Planalto para o comando da comissão. 

Ao longo de sua carreira política, o senador soma 21 anos de mandatos consecutivos, sendo o primeiro em 1990, como vereador de Manaus. Desde então, já foi deputado estadual, vice-prefeito, vice-governador, governador e chegou ao cargo de senador, o qual ocupa hoje. Aziz afirma que sua atuação é independente, apesar de concordar com o Palácio do Planalto em algumas votações.

Em seu histórico, o político apresenta notáveis mudanças ideológicas. Em 1981, ele era filiado ao PCdoB (Partido Comunista do Brasil), que, na época, era considerado clandestino, devido à ditadura militar. Porém, ao assumir seu primeiro cargo, como vereador de Manaus (AM), em 1990, estava filiado ao PDC (Partido Democrático Social), partido mais alinhado à direita e herdeiro da Arena, responsável por garantir sustentação ao regime ditatorial. Em 2011, já estando no DEM (Democratas), foi um dos co-fundadores do PSD (Partido Social Democrático), definido como "nem de direita, nem de esquerda, nem de centro" pelo idealizador da sigla, Gilberto Kassab (PSD).

Outro episódio na carreira do político que exemplifica a mudança ideológica de Aziz foi o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O parlamentar apoiou a eleição de Dilma em 2014. Em 2015, foi resistente ao afastamento dela do Planalto. Porém, em 2016 votou a favor do impeachment da petista. Nas eleições presidenciais de 2018, Aziz não emitiu opinião pública em apoio a nenhum dos candidatos. No mesmo ano tentou retornar ao governo estadual, mas ficou em quarto lugar.

Irregularidades

A gestão de Aziz como governador do Amazonas (2011 a 2014) foi alvo de investigação por suspeita de irregularidade e desvios na área da saúde. A deputada estadual Nejmi Aziz, mulher do senador, já foi presa duas vezes pela PF em 2019, em um desdobramento da Operação Maus Caminhos, que apura  esses desvios relacionados à saúde. Na mesma ocasião, três irmãos de Aziz também foram presos.

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A estimativa do Ministério Público é que a quantia desviada seja de pelo menos R$ 100 milhões, apontando Aziz como suspeito de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O senador, no entanto, nega as acusações e diz que "não foi produzida prova alguma ou nem mesmo apresentado indício de ligação de Omar Aziz com qualquer atividade delituosa", informou a assessoria do parlamentar.


Condução de Bolsonaro

"Não tem governo, seja de direita, centro ou esquerda, que não tenha cometido equívocos nessa pandemia. Em todos os estados, está tendo morte. O João Doria é 100% contrário ao pensamento do Bolsonaro. São Paulo, por acaso, está vivendo um mar de rosas?", questionou Aziz em entrevista ao jornal  O Estado de São Paulo .

Embora tenha sido crítico à condução do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na crise sanitária no Amazonas, onde o parlamentar já foi governador, ele afirma que não pretende transformar a comissão em uma fritura para o chefe do Planalto. "Esse discurso (eleitoral) não vai acontecer dentro da CPI". Aziz se mostra mais alinhado ao governo e diz que Bolsonaro não foi o único a negar a gravidade da Covid-19, ao mencionar a postura negacionista do presidente.

O acordo entre os integrantes da CPI coloca Aziz no comando da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) na vice-presidência e Renan Calheiros (MDB-AL) como relator. A eleição está marcada para acontecer hoje (27).

*Sob supervisão de Matheus Collaço

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