A maioria dos senadores que fazem parte da CPI da Covid vê que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cometeu erros no combate à pandemia e se posiciona a favor de que as investigações do governo federal ocorram. Dos 11 parlamentares que fazem parte da comissão, seis já fazem essa sinalização abertamente. O levantamento foi feito pelo jornal O Estado de São Paulo .
Com início das atividades previsto para a terça-feira (27), o Palácio do Planalto só tem quatro aliados na CPI, enquanto dois fazem oposição e outros cinco atuam de forma independente. Esses últimos, portanto, têm o poder de serem os fiéis da balança.
Numa espécie de defesa antecipada, Bolsonaro tem dito que "acertou todas" na pandemia. O presidente faz isso apesar de declarações minimizando a doença e previsões de que a crise iria acabar logo, o que não ocorreu. "Não errei nenhuma desde março do ano passado", disse a apoiadores no dia 1.º de março, em frente ao Palácio da Alvorada.
De acordo com informações do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), até esta sexta-feira (23) o Brasil somou mais de 14 milhões de casos de Covid-19 e 386.416 mortes. Em números absolutos, o País só fica atrás dos Estados Unidos, que acumula mais de meio milhão de vidas perdidas para o novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Uma versão preliminar do plano de trabalho da CPI prevê investigar questões como o atraso na compra de imunizantes, a omissão do Ministério da Saúde no colapso na rede de saúde de Manaus no início do ano e a insistência de Bolsonaro em recomendar o chamado tratamento precoce. Além de não terem eficácia comprovada contra a Covid-19, esses medicamentos podem levar pacientes à fila dos transplantes.
A CPI foi proposta inicialmente com o objetivo de investigar apenas as ações e omissões do governo federal na pandemia. Após pressão do Palácio do Planalto, no entanto, o alvo do colegiado foi ampliado e passou a incluir eventuais desvios de recursos federais enviados a estados e municípios.