O ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Fábio Wajngarten , que deixou o cargo no mês passado, disse em entrevista à Veja publicada nesta quinta-feira que o real motivo do insucesso na compra das vacinas da Pfizer, oferecidas ao Ministério da Saúde em mais de uma oportunidade, foi motivado pela "incompetência e ineficiência" do Ministério da Saúde, até então comandado pelo general Eduardo Pazuello.
Segundo Wajngarten, ele mesmo participou ativamente das tratativas sobre a compra dos imunizantes em 2020. Ele diz que guarda e-mails, registros telefônicos, cópias de minutas do contrato e tem um "rol de testemunhas" que pode comprovar tudo o que está dizendo.
De acordo com o ex-chefe da Secom, a Pfizer enviou uma carta ao Ministério da Saúde oferecendo prioridade na venda dos imunizantes, mas que a pasta "nem sequer respondeu".
"A vacina da Pfizer era a mais promissora, com altos índices de eficácia, segundo os estudos. Precisávamos da maior quantidade de vacinas no menor tempo possível. E dinheiro nunca faltou", diz.
O publicitário diz que a Pfizer tentou até mesmo baixar o preço do imunizante. O valor ficou abaixo de 10 dólares por unidade. "
"Só para se ter uma ideia, Israel pagou 30 dólares para receber as vacinas primeiro. Nada é mais caro do que uma vida. Infelizmente, as coisas travavam no Ministério da Saúde", conta à Veja, revelando que as negociações travaram nas cláusulas leoninas que a Pfizer não abria mão no contrato. "Havia excesso de burocracia e pessoas despreparadas cuidando dessa questão", continua.
Wajngarten conta, ainda, que o general Pazuello foi demitido após rumores de que seria preso. O publicitário, porém, exime Bolsonaro da culpa pela má condução da compra das vacinas.
"Ele era abastecido com informações erradas, não sei se por dolo, incompetência ou as duas coisas. Diziam que a pandemia estava em declínio e que o número de mortes diminuiria muito até o fim do ano."