O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu desculpas à população italiana nesta sexta-feira (9) por não ter extraditado o ativista italiano Cesare Battisti , que foi condenado na Itália por assassinato, se refugiou no Brasil, e acabou confessando o crime após voltar preso ao seu país.
"Peço desculpas ao povo italiano, pensei que ele não era culpado, mas depois de sua confissão, só posso me desculpar", disse Lula, em entrevista ao vivo ao programa de TV italiano TG2 Post . "Tomei a decisão baseado em uma orientação do Ministério da Justiça", afirmou, em referência ao então ministro Tarso Genro.
Segundo Lula, na ápoca ele achou que a decisão de não extraditar era correta porque achava que Battisti era inocente.
No último dia de seu mandato, em 2010, o petista concedeu asilo ao italiano. Ex-membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo, Battisti chegou ao Brasil em 2004 para evitar de ser extraditado na França. Em 2007, foi preso no Rio de Janeiro e cumpriu prisão preventiva para fins de extradição na penitenciária da Papuda, em Brasília, até 2010.
Em 2018, o então presidente Michel Temer revogou a decisão de Lula e, com aval reiterado do STF, determinou a extradição de Battisti.
O italiano, então, fugiu do Brasil, mas foi capturado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em janeiro de 2019. Como a entrada no país foi ilegal, a expulsão dele foi requerida pela Itália e acatada pelo governo boliviano.
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Dois meses após retornar preso à Itália, Cesare Battisti admitiu envolvimento em quatro assassinatos durante interrogatório feito na prisão pelo procurador Alberto Nobili, responsável pelo grupo antiterrorista da cidade italiana de Milão.
Lula já havia pedido desculpas sobre o caso. Em agosto de 2020, o ex-presidente disse que se arrependeu de ter defendido Battisti, em um programa de debates da TV Democracia.
"Hoje, acho que, assim como eu, todo mundo da esquerda brasileira que defendeu Cesare Battisti aqui ficou frustrado, ficou decepcionado. Eu não teria nenhum problema de pedir desculpas à esquerda italiana e às famílias do Battisti", disse Lula na ocasião.