O governador em exercício do Rio de Janeiro , Cláudio Castro , afirmou, em entrevista coletiva nesta quinta-feira, que o Rio está "perto de uma situação dramática com aumento de óbitos". De acordo com Castro, há um aumento do número de jovens internados, que ocorre por conta da nova cepa do vírus. Segundo ele, a ideia de antecipar feriados, aprovada esta semana pela Alerj, teve como base o que foi feito em São Paulo . Sobre as medidas restritivas, haverá amanhã, confirmou Castro, outro decreto com novas regras.
"Na última semana os números acenderam o alerta no estado. Estamos muito perto de uma situação dramática com aumento dos óbitos. O Covid está aumentando o cerco nas nossas famílias que conhecemos. É visível o aumento de jovens internados, por causa da nova cepa. Já perdemos mais de 35 mil fluminenses", disse o governador interino na coletiva.
Castro fez apelo para as pessoas evitarem pensar que não vão se contagiar. Qualquer um, disse ele, seja rico pobre, homem e mulher está passível de contrair o vírus. O governador em exercício reforçou que os dez dias serão necessários para aliviar a pressão no sistema de saúde do estado, para assim gerar mais vagas em leitos de UTI. Castro disse que não há dicotomia entre vida e emprego e avisou que não vai para as redes sociais com frases de arroubos:
"Eu sempre disse que temos que ser equilibrados. Não há mais dicotomia entre vida e emprego. Esse excesso de politização tem causado mortes. Chegou o momento de todos se unirem. Na segunda-feira, conversamos com todos os poderes. Nada se falou de judicialização de decreto de prefeito. O presidente da Alerj pediu a reunião para discutirmos o Covid. Precisamos fazer esse pacto de dez dias. A proposta não e um grande feriado. Mas uma parada, feita de forma negociada. Não somos só capital, só Niterói, só Baixada. Somos um estado com 82 municípios. Temos que ver que as decisões tomadas aqui vão impactar os municípios. No sábado, tive reunião com setor produtivo. Não vou ficar em rede social com frases de arroubos. Nosso inimigo comum é o vírus", afirmou.
Em relação à abertura das praias, Castro enfatizou a necessidade de fechar para não haver debandada de pessoas viajando do Rio e de Niterói para cidades interioranas. Em sua fala, ele classificou a situação como "grave", e que portanto as pessoas devem permanecer reclusas.
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Queda de braço
As medidas de Castro chegam após o governador em exercício e o prefeito protagonizarem uma queda de braço durante a semana. As discordâncias começaram na reunião ocorrida no último domingo, dia 21, no Palácio das Laranjeiras, onde Paes e Castro divergiram sobre as medidas a serem tomadas para conter o avanço da pandemia no estado. Na ocasião, os dois se desentenderam e Paes elevou o tom da conversa.
Na segunda-feira seguinte ao encontro, o prefeito chamou de "Castrofolia", em seu perfil do Twitter, a decisão do governador interino de entrar na justiça para pedir liminar contra o fechamento de bares e restaurantes no feriadão, mesmo após os comitês científicos da prefeitura do Rio e Niterói recomendarem o fechamento dos estabelecimentos durante o período.
"CastroFolia! A micareta do governador! Definitivamente ele não entendeu nada do objetivo de certas medidas", escreveu o prefeito na sua rede social.
Mais tarde, no mesmo dia 22, os prefeitos da região Metropolitana, Eduardo Paes, do Rio, e Axel Grael, de Niterói, seguiram a recomendação dos comitês e anunciaram um pacote de medidas restritivas para o Rio entre os dias 26 de março e 4 de abril. Dentre as medidas, foi suspenso o atendimento presencial em bares e restaurantes. Depois dos anúncios, Castro volta atrás na decisão de manter os bares e restaurantes abertos e, em resposta, Paes muda o tom.
“Agradeço ao governador por entender e respeitar as medidas difíceis e impopulares que tivemos que tomar partindo de decisões técnicas. Adoraria não ter que tomá-las, mas o momento nos impõe e assim me determinam as autoridades sanitárias. Continuarei como sempre no caminho do diálogo”, escreveu o prefeito na rede social.