"Preso político" e "boi de piranha": Silveira se diz abandonado em "Guantánamo"
Segundo interlocutores, deputado bolsonarista diz ter se sentido usado para "apaziguar relação" do Congresso com o STF e comparou sua cela no Rio de Janeiro com a prisão militar gerida pelos EUA em Cuba
O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), que teve a manutenção da prisão confirmada em votação na Câmara dos Deputados na semana passada, tem se sentido abandonado pela base do governo Bolsonaro e já começa a chamar sua cela em um batalhão prisional no Rio de Janeiro de "Guantánamo", nome da famosa prisão militar gerida pelos EUA em Cuba e que ficou conhecida pelos diversos episódios de tortura de presos.
Segundo interlocutores ouvidos pelo jornal O Globo, além do abandono, Daniel Silveira se vê como "preso político" e lamenta ter sido usado como "boi de piranha" para "apaziguar a relação" entre o Congresso e o STF, já que foi o ministro Alexandre de Moraes, um dos integrantes do Supremo, a ordenar a prisão em flagrante.
Silveira estaria incomodado com a incoerência do plenário da Câmara em aprovar "às pressas" a PEC da Imunidade , com mudanças na Constituição que aumentam a proteção de parlamentares e diminuem as chances de prisão e processos, dias após ter votado por sua permanência em cárcere. Segundo ele, deputados estariam "atuando para se proteger, mas não para protegê-lo".
Ainda de acordo com a publicação, o deputado bolsonarista demonstra poucas esperanças em conseguir um habeas corpus para deixar a cadeia, uma vez que não há nenhum aspecto jurídico que a defesa possa utilizar agora que STF e Câmara já se posicionaram contrários ao um possível pedido de soltura.