O advogado Frederick Wassef , sete meses depois de declarar que deixaria a defesa de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), no caso das “ rachadinhas ”, afirma que na verdade, nunca deixou de participar das ações que envolvem o político. O Supremo Tribunal de Justiça (STJ), revogou a quebra de sigilo do senador e Wassef foi o responsável pelos habeas corpus julgado nesta quarta-feira (24). As informações foram apuradas pelo O Globo.
Flávio e Wassef, tiveram uma tarde cheia de entrevistas após decisão da corte. O senador declarou que “não se considera mais denunciado” e Wassef disse que o caso “volta à estaca zero”. Quando perguntado se ainda frequenta o Palácio do Planalto e se ainda continua na defesa do presidente Bolsonaro, o advogado preferiu ficar em silêncio.
“Não me manifestarei sobre nada disso. Não pergunte que a entrevista vai parar por aqui. Só vou dizer o seguinte. Sou advogado do senador e não deixei de ser”, afirmou.
Wassef compareceu a videoconferência do julgamento da Quinta Turma do STJ, junto com a integrante de sua equipe, a advogada Nara Nishiwaza. Essa foi a primeira vez que Wassef aparece como advogado de Flávio após a prisão do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz em seu imóvel em Atibaia (SP), em junho de 2020. Foi durante a apreensão do ex-assessor, que Wassef declarou seu afastamento da família Bolsonaro .
“Ninguém me mandou embora, foi uma decisão minha. Eu sai do PIC (processo de investigação criminal), mas nunca deixei de ser (advogado de Flávio). Esse habeas corpus é de autoria minha. Simples assim. Isso justifica porque estou do lado dele. Não sou leproso, mão sou criminoso”, declarou Wassef.
As principais evidências contra o senador Bolsonaro no processo das “rachadinhas” foram alcançadas pela quebra de sigilo bancário. Com isso, em novembro do ano passado, ele foi indiciado por cerca de 15 pessoas pelos crimes de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Ainda é acusado de organizar um plano de devolução de parte dos salários de funcionários que integravam seu quadro de profissionais em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio ( Alerj ). Esquema que tinha como operador principal, o ex-assessor Fabrício de Queiroz.
“Hoje vocês podem escrever que o senhor Flávio Bolsonaro não é mais denunciado pelo MP do Rio - diz Wassef. - Tudo que tem na denúncia vai cair por decisão judicial. Ela não vai poder ser usada. Ou não será recebida ou será considerada nula por si só e terá que começar a brincadeira tudo de novo”, conta.
Integrantes do MP analisam que, com a falta de fundamentação usada pelo STJ para revogar as regras do sigilo, elas podem ser alteradas. Para que isso aconteça, os investigadores devem encaminhar um novo pedido de quebra de sigilo ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio, responsável pelo julgamento do senador. Porém, Flávio se mantem confiante de que os dados não voltaram a integrar caso Queiroz.
“Com base nessa decisão, sobra muito pouco no processo, não tem nada. O que aconteceu hoje esvazia ainda mais o processo. Não vejo alternativa a não ser o MP do Rio senão pedir o arquivamento”, aponta Flávio.
O senador nega mais uma vez fazer parte do esquema de “rachadinhas” em seu gabinete na Alerj, mas não foi claro totalmente quando falou sobre a isenção de Queiroz. “Da minha parte é zero”, contou o senador, ao ser interrompido por Wassef. O advogado diz que mesmo com os registros de depósitos em quebra de sigilo de ex-funcionários, não é possivel comprovar o esquema de “rachadinhas”.
“Eu fiquei sabendo, porque no Rio todo mundo comenta, tem caso que é empréstimo, tem caso que é pirâmide financeira, tem caso que é para contratar outro funcionário, tem caso que é pra comprar, tem todo tipo de coisa. Como vamos apurar a circunstância de cada movimento e de cada coisa?”, declara Wassef.
Mesmo sem mencionar Queiroz nos autos, o advogado sai em sua defesa dizendo que sua prisão ocorreu de forma ilegal. “Queiroz não tem nada a ver com o Flávio, não tem nada a ver comigo e nada a ver com essa decisão. Os nosso habeas corpus não têm qualquer vínculo com o Queiroz. Mas existe um hc do Queiroz que, se apenas lerem, ele vai para rua”, afirmou.
Ele diz mais uma vez que não tem mais contato com o ex-assessor. “Nunca falei com Queiroz, nem na época que ele usava a minha propriedade de vez em quando. O Queiroz nunca deu num telefone para mim, nunca teve uma troca de mensagens, eu não sabia quando ele entrava ou saía, eu não monitorava, não me interessava a vida dele. Eu não namorava, não tinha uma relação amorosa com Queiroz, não tinha ataque de ciúmes dele”, completa.