Os diálogos entre procuradores da Lava Jato e outras autoridades via aplicativo de mensagem tiveram o sigilo suspenso pelo ministro Ricardo Lewandowski , do Supremo Tribunal Federal (STF).
A defesa do ex-presidente Lula
teve acesso ao material e descobriu que a força-tarefa comemorou o seu impedimento de assumir o Ministério da Casa Civil, em março de 2016, no governo Dilma e agiu com cautela ao pedir a sua prisão para que não fosse transformado em " mártir vivo
".
"Caríssimos, acho que temos que ter um pouco de cuidado para não fazer um mártir. Ou pior, um mártir vivo, justificando o discurso do Lula de que se vê como preso político", escreveu o procurador regional Antônio Carlos Welter no grupo "Dá-lhe, Gilmar!" (referência ao ministro do STF que vetou a nomeação de Lula).
"Ele [Lula] voltaria encarnando um ressuscitado após a semana santa. Pior cenário impossível. Sugiro, assim, que seguremos o andor. Até porque, se confirmada a liminar, qualquer providencia poderia ser encetada imediatamente", escreveu o procurador.
Neste momento de 2016, apesar do fortalecimento da Lavo Jato, a operação começava a receber críticas, por isso a cautela do procurado ao prosseguir com pedidos de prisão contra o ex-presidente petista.
"Não dá para esquecer que, nesses dois dias, recebemos críticas que, até então, não tinham surgido, que passaram a vir de vozes mais temperadas, seja na nossa classe, no judiciário, ou ainda na imprensa", escreveu.
"Pondero, assim, que seguremos o andor, sem parar de chacoalhar o santo. Ele é de barro, vai quebrar sozinho . Não podemos é dar cola para ela unir os pedaços".
Seguindo a lógica de Welter, o coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, disse dias antes, em 14 de março, que um novo pedido de prisão contra o presidente Lula exigiria novos fatos para evitar ser taxado de perseguição.
"Em relação à prisão do Lula, somente se houver fato significativo, clássico e atual para um novo pedido. É minha posição", escreveu.