Muita música, poucas máscaras e rivais convidados: a festa da vitória de Lira
Celebração, que contou com a participação de apoiadores do deputado e desafetos do presidente Bolsonaro, foi embalada por sucessos do grupo Raça Negra e não respeitou as medidas de segurança contra a Covid-19
O deputado federal Arthur Lira (PP-AL), eleito presidente da Câmara dos Deputados na segunda-feira (1°), festejou a vitória com aliados em uma festança em mansão do Lago Sul com comida e bebida à vontade e música ao vivo. Aguardado para comemorar a vitória do aliado, o presidente Jair Bolsonaro não compareceu, mas ligou para Lira para dar os parabéns.
A comemoração foi até as quatro horas da manhã e uniu figuras carimbadas do Centrão, militantes bolsonaristas e desafetos de Jair Bolsonaro , como a deputada Joice Hasselman (PSL-SP). Amigo do ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, Alexandre Baldy, secretário de Transportes de São Paulo, também prestigiou Lira .
Estavam presentes Fábio Faria, ministro das Comunicações, e Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política e alvo de constantes críticas de Lira e aliados nos bastidores, apesar de ter liderado no Planalto as negociações de cargos e emendas para interferir no processo eleitoral da Câmara. Também compareceram os secretários especiais de Comunicação, Fabio Wajngarten, e o de Pesca, Jorge Seif.
Entusiasmado com a demonstração de força do Centrão , um integrante do governo dizia que agora é que o governo Bolsonaro "vai começar de verdade". Já um parlamentar desafeto do presidente dizia que agora Bolsonaro será "doutrinado" com a política de verdade e que o governo é agora uma "sociedade com o Congresso ."
Apesar da pandemia, havia centenas de convidados em um salão e praticamente ninguém usava máscara . Alguns poucos optaram pelo acessório com o símbolo de Arthur Lira.
Em meio a clássicos do brega e sertanejo dos anos 80 e 90, a banda contratada pela campanha chegou a censurar, no microfone, aqueles que gravavam a festa para suas redes sociais. A vocalista pediu privacidade aos presentes, que bebiam vinho, whisky e espumante.
A mansão fica à beira do lago Paranoá e conta com piscina aquecida, quadra de futebol, um deque e um pequeno bosque. O imóvel pertence ao empresário Marcelo Perboni, conhecido nas colunas sociais e festas de Brasília.
O clima era de êxtase, já que Lira ganhou a eleição com 302 votos, em primeiro turno . O novo presidente da Câmara, no entanto, dizia que esperava ter chegado a 330 votos. Festejado por políticos de diversos matizes, Lira comentou a interlocutores que iria ligar para Maia hoje. Disse que não se falam há quatro meses e foi até ignorado ao enviar uma mensagem de Feliz Natal para ele.
Os dois tiveram uma discussão acalorada na reunião de líderes para decidir a formação dos blocos apresentados para a Mesa Diretora . Em meio ao bate-boca, Maia perguntou se o adversário "pensava que estava em Alagoas". Ao que Lira respondeu, perguntando se o agora ex-presidente da Casa estava "pensando que está no morro carioca?".
Entre os presentes estavam Cristiane Brasil , filha de Roberto Jefferson, o presidente do PP Ciro Nogueira (PP-PI) e bolsonaristas de carteirinha — alguns até usando camisetas de Jair Bolsonaro.
A ex-aliada de Bolsonaro , a deputada Joice Hasselman (PSL-SP) dançou com o vice-líder do governo na Câmara , Luís Lima (PSL-RJ), e chegou a ser chamada para comparecer ao palco.
No salão, uma projeção mostrava cenas da campanha de Lira . Ele foi disputado pelos presentes em busca de fotos. O deputado Hélio Lopes (PSL-RJ), aliado de primeira hora de Bolsonaro, também era disputado para selfies.
Os convidados se refestelaram com camarões, paella e massas sortidas no buffet. Nas palavras de um integrante do governo presente na festa, se o adversário Baleia Rossi (MDB-SP) tivesse ganhado a eleição, "todos estariam de máscara". Mas não foi o caso.