Líder da "bancada da bala" aposta em traições para ser novo presidente da Câmara
"Correndo por fora" na disputa polarizada por Arthur Lira e Baleia Rossi, Capitão Augusto (PL-SP) tenta apoio de colegas que se identificam com segurança pública e religião
Correndo por fora na disputa pela presidência da Câmara, o deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) afirmou nesta terça-feira que espera que alguns colegas cujos partidos se comprometeram a votar nos candidatos Arthur Lira (PP-AL) ou Baleia Rossi (MDB-SP) mudem de ideia na hora da eleição e votem nele. Isso porque a votação para presidir a Casa é secreta, sendo assim abre caminho para os congressistas divergirem do entendimento partidário.
"Quando o voto é aberto, prevalece a vontade da bancada partidária, porque os parlamentares, digamos, têm um vínculo muito forte com os partidos. Não vão bater de frente com o partido, votar contrários ao partido. Então, se o voto fosse aberto, nem candidato eu sairia, porque não tem como os parlamentares irem contra os partidos", disse em entrevista ao Globo.
Capitão Augusto explicou que os deputados dependem das legendas para uma série de fatores. Na época da campanha, em geral precisam de dinheiro do fundo partidário e do tempo de rádio e TV. As siglas ainda precisam cooperar com seus diretórios e, dentro da Câmara, participam da indicação para integrar comissões, por exemplo. Uma votação aberta exporia traições. Ou seja, um parlamentar dificilmente ficaria à vontade para contrariar a posição firmada pelo partido.
Bancadas temáticas
O congressista preside a Frente Parlamentar de Segurança Pública – conhecida como “ bancada da bala ”. Esta é uma das apostas para ter apoio. Ele também trabalha por votos com as duas frentes parlamentares de combate à corrupção; a frente parlamentar da família; e as frentes parlamentares evangélica e a católica.
Apesar de trabalhar com bancadas compostas por muitos deputados, Augusto afirmou que “só um milagre” permitirá que se eleja presidente da Câmara por causa dos compromissos já firmados por Arthur Lira e Baleia Rossi . Mesmo assim, ele disse que é “importante” manter sua candidatura para testar quantos de seus colegas estão comprometidos com suas pautas.
"Sei obviamente que os acordos são muito grandes de ambos os lados, é difícil competir, muito difícil. Para mim, se a esquerda não tivesse fechado com o Baleia, eu seria a zebra nas eleições. Com a esquerda fechando com o Baleia, eu seria milagre . Só milagre para ganhar essas eleições. Para ir para um 2º turno, né? Porque é evidente que os dois são francos favoritos. Mas é importante manter a minha candidatura, primeiro porque não perco nada. Continuo como deputado normal até 2022. Segundo, para a gente saber qual o tamanho dessa bancada vocacionada. Será que a população realmente renovou com esses 300 deputados ou trocou seis por meia dúzia?", questionou.
Augusto falou que, em suas contas, tem cerca de 70 votos. No entanto, disse que deveria ter em torno de 170, caso todos os colegas que se elegeram com pautas comuns às dele o escolhessem como presidente da Câmara .
O deputado também disse que, ao contrário dos concorrentes Arthur Lira e Baleia Rossi , ele não pode divulgar sua agenda. Isso porque os deputados se sentem constrangidos de formalizar apoio ou até de expor nas redes sociais que o encontraram, com medo de atritos ou represálias de seus partidos.