2020: o ano marcado pelas trocas de ministros no governo Bolsonaro; veja a lista
Demissões foram marcadas por polêmicas dentro do governo e ações contraditórias em meio à pandemia de Covid-19
Em um ano marcado na história pela pandemia de Covid-19 e milhões de mortes ao redor do mundo pela doença, o mundo da política também foi bastante movimentado. Em especial, o governo de Jair Bolsonaro foi alvo de muitas polêmicas, que, por sua vez, culminaram em diversas entradas e saídas de ministros neste ano atípico.
Confira a seguir uma retrospectiva dos ministros de Bolsonaro que caíram ou foram transferidos de postos durante 2020 e as polêmicas envolvendo suas demissões.
Fevereiro de 2020
O ano começou com a trocas entre o Ministério da Casa Civil e o Ministério da Cidadania. Onyx Lorenzoni, então ministro da Casa Civil, foi substituído pelo general Walter Braga Netto no comando da pasta. Onyx foi transferido para o Ministério da Cidadania, que era ocupado por Osmar Terra, que foi demitido por entrar em conflito com Paulo Guedes.
Um dos motivos em mudar o comandante da Casa Civil também foi o fato do presidente querer um militar no comando da pasta. Sendo assim, a escolha de Braga Netto atendeu as expectativas e, desde então, a pasta é comandada pelo general.
A oficialização das trocas entre os ministérios foi concretizada no dia 13 de fevereiro.
Pouco antes, ainda no mês de fevereiro, o então ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, pediu exoneração do cargo de ministro da pasta. De acordo com interlocutores da equipe econômica, os motivos seriam desavenças com o atual Ministro da Economia, Paulo Guedes. Com a saída do ministério, ele foi transferido para a presedência da Dataprev.
Para o seu lugar no Ministério do Desenvolvimento Regional foi escolhido Rogério Marinho, que segue até hoje no cargo.
Abril de 2020
Já com a pendemia de Covid-19 mudando a realidade social e econômica do país, o Ministério da Saúde ganhou protagonismo no noticiário nacional, o que fez com que a pasta também acumulasse polêmicas em torno da condução da doença no país. Conflitos entre economia e saúde marcaram a pasta.
No dia 16 de abril foi a vez de Luiz Henrique Mandetta, então ministro da pasta, deixar o cargo em meio à pandemia. Sua demissão, embora não admitido de forma oficial, foi por causa das divergências em relação a importância da saúde em detrimento da economia, além do apoio ao uso da hidroxicloroquina – medicamento que ainda não se provou eficaz no tratamento da Covid-19, mas que era amplamente defendido por Bolsonaro e outros membros do governo.
Além disso, atritos internos entre Mandetta e o Ministério da Economia também tornaram sua permanência insustentável.
Outro nome a desembarcar do governo foi Sergio Moro, importante peça até então do governo federal, e que serviu de base para a eleição do presidente nas eleições de 2018. A saída do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, menos de um mês após a saíde Mandetta, acirrou uma grave crise política no governo Bolsonaro em meio à pandemia de covid-19.
Ao deixar o governo, o ex-juiz da Lava Jato fez acusações de que o presidente teria intenções de intervir no trabalho da PF (Polícia Federal). A situação ganhou novo capítulo com a revelação de trechos transcritos de um vídeo da reunião ministerial citada por Moro em seu depoimento à PF.
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Para o lugar de Moro foi escolhido André Mendonça, que comandava a AGU (Advocacia-Geral da União).
Maio de 2020
Após menos de um mês à frente do Ministério da Saúde, o oncolista Nelson Teich foi demitido no dia 15 de maio pelo presidente Jair Bolsonaro. Ele havia substituído Mandetta, mas também não durou muito no cargo.
De novo, as polêmicas envolvendo o uso da hidroxicloroquina foi um dos motivos que desandaram a relação entre Teich e Bolsonaro. O presidente queria a inclusão do uso do medicamento no protocolo oficial de tratamento inicial da Covid-19, mas o ministro relutava por conta da falta de evidências científicas.
Além disso, a pressão por adotar medidas de flexibilização foram colocadas como desafio para Teich, mas, com o aumento do número de casos pelo país, e pelo aumento nno número de óbitos, a ação não foi concretizada, o que fez com que a equipe econômica do governo federal mais uma vez entrasse em rota de colisão com a saúde.
Para o lugar de Nelson Teich foi escolhido o general Eduardo Pazuello, alinhado ao bolsonarismo
e que não tinha experiência prévia com saúde.
Junho de 2020
Em junho foi a vez de um dos ministros mais identificados com o bolsonarismo dar adeus. Abraham Weintraub deixou o Ministério da Educação após polêmicas envolvendo a reunião ministerial e os atritos que suas falas contra o Supremo Tribunal Federal causaram entre o executivo e o judiciário.
Na ocasião da reunião, ele afirmou ter vontade de fechar e prender ministros do STF. Após o episódio, outros ataques do ministro continuaram e inflaram sua situação à frente da pasta. Com isso, sua saída foi anunciada no dia 18 de junho.
Com sua saída, foi escolhido o nome de Carlos Decotelli para a vaga no ministério. Porém, antes mesmo de assumir oficialmente, Decotelli já desembarcou do governo por irregularidades e inconsistências em seu currículo.
Em seu currículo Lattes, o economista dizia ser doutor em Administração pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina. A universidade do país vizinho, no entanto, informou que ele não concluiu o doutorado.
Além disso, a Universidade de Wuppertal, na Alemanha, informou que o então ministro da Educação não fez pós-doutorado na instituição. Ele também foi acusado de plágio em sua dissertação de mestrado. Seu trabalho sobre o Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) foi acusado de ter trechos inteiros copiados de um relatório feito em 2007 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Com as polêmicas envolvendo Decotelli, o governo resolveu cancelar a nomeação do economista e, para o seu lugar, foi escolhido Milton Ribeiro.
Dezembro de 2020
Mais recentemente, no dia 9 de dezembro, foi a vez do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, ser demitido. O desligamento ocorreu um dia depois de o ministro usar um grupo de WhatsApp que reúne todos os ministros do governo federal para atacar o chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política do Planalto.
Minutos depois da saída de Álvaro Antônio, o presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur),
Gilson Machado,
se reuniu com Bolsonaro e aceitou assumir o cargo de forma definitiva.