A atual prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB) foi reeleita no último domingo (15) para o segundo mandato com 46.243 votos, cerca de 36% dos votos válidos.
Esse número, porém, representa o voto de apenas 25,6% de todos os 180.524 eleitores cadastrados na capital de Tocantins, 74,4% não escolheram a candidata. Ou seja, Cinthia Ribeiro se manteve no cargo de prefeita de Palmas por mais quatro anos contando apenas com o voto de 1 em cada 4 eleitores da cidade, aproximadamente.
"Esse número não reflete a vontade da maioria. E ainda estando tão próximo dos 200 mil eleitores, o que a gente vê é um triste enfraquecimento da democracia ", avalia o analista político e professor do Centro Universitário UNA, Carlos Barbosa.
O professor se refere ao fato que explica a reeleição da prefeita. A legislação eleitoral define que cidades com menos de 200 mil eleitores não precisam realizar segundo turno e, portanto, quem tiver mais votos fica com o cargo.
Palmas é a única capital do Brasil que ainda se encaixa nesta regra e por uma diferença de apenas 19.476 eleitores a menos. Carlos Barbosa aponta que é necessário, nesses casos, separar o que é legal do que é legítimo, quando se trata do voto representativo.
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"O fenômeno visto em Palmas pode ser legal mas não expressa legitimidade em sua expressão democrática, porque é um resultado que representa uma minoria. Não é legítimo", explica.
Para Barbosa, é "fundamental um reforma política no Brasil". "Essa reforma, porém, precisa ser feita pelos políticos e muitos têm interesses que ela não aconteça".
"A legislação eleitoral tem vários ' gaps ' (lacunas, em inglês) e muitos atores (do ambiente político) se beneficiam desses ' gaps '. O corte de 200 mil eleitores para a realização de segundo turno é apenas um deles. Outras cidades vivem um drama semalhante, com um número de eleitores muito próximo do corte", afirma o analista.
Ele ainda explica que essas distorções poderiam ser revistas aplicando regras e coeficientes eleitorais que diminuiriam a distância entre o desejo da maioria e o resultado final da eleição. "Essas formulas beneficiariam o povo e garantiria a legitimidade da eleição. Mas na legislação do Brasil não, são 200 mil eleitores e pronto, acabou", critica.
Voto mais caro
No último domingo, sete prefeitos foram eleitos nas capitais do Brasil. Entre eles, Cinthia Ribeiro se destacou por ter tido o maior custo de voto: R$ 65,10. O prefeito com menor custo de voto nesse primeiro turno foi Rafael Greca (DEM), reeleito em Curitiba e que gastou R$ 4,24 por voto.
Cada voto de Cinthia Ribeiro custou, portanto, 15 vezes mais do que o do voto dado a Rafael Greca.
O cálculo do 'valor' do voto é feito dividindo as despesas informadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo candidato na campanha, pelo número de votos conquistados no primeiro turno.