Convidado do programa "Conversa com Bial" na última segunda-feira (19), o General Otávio Rêgo Barros falou pela primeira vez após deixar o cargo de porta-voz do governo Bolsonaro e disse que não tinha autoridade para repreender o presidente por falas que pudessem ser negativas e ressaltou que a decisão de utilizar o "cercadinho" no Palácio da Alvorada fez com que sua função perdesse o sentido.
"Desde o final do ano passado, o presidente começou a optar em fazer uma comunicação mais direta que competia com a comunicação técnica. Assim, não havia mais espaço, nem temporal e nem técnico, para dar continuidade ao trabalho do porta-voz", afirmou Rêgo Barros .
Ainda sobre o " cercadinho ", que era destinado a um grupo de jornalistas e sempre contava com a presença de apoiadores do governo e definido como "desastre" por Bial, o General disse acreditar que o uso por parte do presidente não foi "escolha mais adequada": "fica muito difícil estabelecer uma estrutura comunicacional com a sociedade colocando na linha de frente a principal autoridade que promove a geração da informação".
Sobre a falta de autoridade para tratar com Bolsonaro , o ex-porta-voz do governo foi simples e direto: "eu não tinha. Foi uma falha minha. Infelizmente, não tive a possibilidade de poder colaborar com o presidente".
Por fim, Rêgo Barros ainda lembrou a ideia de organizar cafés da manhã de Bolsonaro com integrantes da imprensa, algo que foi criticado por alguns apoiadores do governo, que acreditavam que os encontros davam "munição" para que o presidente fosse atacado.
Segundo ele, o presidente era pautado para participar desses eventos, mas posicionamentos "potencializados pela imprensa" acabaram atrapalhando o bom andamento dos encontros: “era uma oportunidade que parecia colocar o presidente na porta do gol, sem goleiro, na altura da pequena área. Precisava empurrar a bola para dentro”.