Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro
Marcos Corrêa/PR
Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro

Novos aúdios divulgados pelo site  The Intercept Brasil mostram que o procurador Deltan Dallagnol tentou interferir para que um aliado ficasse no comando das investigações da Operação Lava Jato em primeira instância após o então juiz Sergio Moro deixar o cargo para assumir o ministério da Justiça e Segurança Pública do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Em mensagens trocadas por um grupo de procuradores do Paraná no aplicativo de mensagens Telegram em janeiro de 2019, Dallagnol fez uma lista de candidatos à vaga de Moro, elege os preferidos da força-tarefa e planeja afastar da indicação quem, na opinião dele, poderia "destruir a Lava Jato".

"Caros, vamos visitar as pessoas que seria bom que assumissem a 13ª Vara para convencê-las. Vou levantar nomes bons e vou convidar quem puder pra irmos estimular rs", escreveu Dallagnol em um chat.

Para cumprir o objetivo, o procurador ainda pediu que outros colegas seus que fossem próximos do presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), responsável pela Justiça Federal do Paraná, tentassem "advogar" junto a ele para que o nome escolhido fosse o de alguém que agradasse a Lava Jato.

A estratégia adotada na articulação do grupo era colocar colocar três magistrados na posição de assessores de um quarto, o veterano Luiz Antônio Bonat . Com esses nomes próximos de Bonat seria possível convencê-lo a disputar a vaga deixada por Moro.

"Ele colocou ali o nome dele por amor à camisa", narrou Dallagnol. "Então a gente tem que conseguir um apoio. A ideia talvez seria de ter juízes assessores ali designados junto a ele", completou em um dos áudios.

O plano de se aproximar de Bonat acabou não dando certo, mas ele foi convencido a disputar a vaga. "Aí ontem os juízes estavam preocupados e conseguiram fazer, conseguiram convencer o número 1 da lista, o que é ótimo para nós, assim, simbolicamente, a aceitar o desafio de ir para a 13ª", diz Dallagnol em outro áudio. No fim, Bonat herdou a cadeira de Moro.

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