Suspeita de plágio de Kassio deve ser assunto em sabatina, mas aliados minimizam
Para parlamentares da base, trechos copiados de dissertação e incongruências no currículo de Kassio Nunes não têm relevância
Por Agência O Globo |
Senadores da base de apoio do governo minimizaram a suspeita de plágio na dissertação de mestrado do desembargador Kassio Nunes Marques , indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Integrantes da oposição, por outro lado, querem questioná-lo na sabatina sobre o assunto.
A dissertação de mestrado defendida por Kassio Nunes tem pelo menos três trechos idênticos a artigos escritos por um outro autor, Saul Tourinho Leal, sobre o mesmo tema, o direito à saúde.
Reportagem do Globo mostrou também que Kassio Nunes turbinou currículo e chamou de pós-doutorado ciclos de palestras e cursos de extensão.
Questionado, o líder do DEM no Senado, Rodrigo Pacheco (MG), disse que não analisou o tema. Para o líder do PSDB, Roberto Rocha (MA), a revelação é uma "bobagem".
"Isso é bobagem , não quer dizer nada não. Sinceramente, acho que ele está muito acima disso. O Kassio é uma pessoa extraordinária, um cara humilde, um cara nordestino, um cara que tem um grau de produtividade muito grande no tribunal", diz Roberto Rocha.
O vice-líder do governo no Senado Chico Rodrigues (DEM-RR) é da mesma opinião.
"Agora, só falta apurar a vida do Papa. Até na vida dos Papas quando forem indicados vocês [imprensa] vão criar dificuldades. Veja, um camarada que está no patamar que ele está, sem nenhuma decisão que possa ter deixado um rastro de dúvidas, está sendo admirado até pelos senadores da oposição.... O ruim é que faltam 14 dias, porque nesse período ainda tem muita reportagem pra sair [sobre Kassio]".
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Para os integrantes do Muda Senado, grupo independente, o desembargador deve ser questionado na sabatina sobre a suspeita de plágio e as inconsistências no currículo.
A indicação de Kassio ao STF depende da aprovação dos senadores em sabatina marcada para 21 de outubro.
"É indispensável garantir para o Brasil uma sabatina de verdade. Não dá pra ser um beija-mão burocrático e o sabatinado escolhendo o que responde, um pouco como aconteceu com o Augusto Aras", diz Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Alessandro disse que já conversou com Simone Tebet (MDB-MS), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), sobre o assunto e que ela está disposta a garantir uma sabatina justa "no limite do que o regimento permitir a ela".
"O critério da reputação ilibada sofre um arranhão (com a suspeita). Já vinha arranhado da proximidade excessiva com investigados e processados, e essa situação das pós-graduações que parecem não ter sido realizadas também complicam", completa o senador.
Álvaro Dias (PR), líder do Podemos no Senado, terceira maior bancada, diz que a suspeita de plágio não invalida o nome de Kassio pois estamos na "República de Bananas".
"Não invalida. Trata-se da República de Bananas. Nós participamos de um campeonato de várzea atualmente. Vale tudo. O toma lá dá cá resolve com antecedência, por isso não há cuidado nem mesmo com o itinerário da indicação. Todas as lambanças são perdoadas".