O presidente Jair Bolsonaro aparenta projeto de construção de ponte sobre o rio Pariquera-Açu
Edilson Dantas / Agência O Globo
O presidente Jair Bolsonaro aparenta projeto de construção de ponte sobre o rio Pariquera-Açu


No mesmo dia em que o governo federal apresentou seu  projeto de reforma administrativa no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro decidiu cumprir agenda no Vale do Ribeira, em São Paulo, onde nasceu e passou parte da juventude.


Lá, ao lado de ministros, deputados federais e de um dos filhos, reuniu cerca de 200 pequenos empresários e comerciantes locais para conhecer projetos para a construção de duas pontes. Uma em Pariquera-Açú, cidade de 20 mil habitantes. Outra em Eldorado, com uma população semelhante. O objetivo das obras é diminuir o trânsito na região.

Familiarizado com a região, Bolsonaro decidiu inclusive dormir na casa de sua mãe , dona Olinda, de 93 anos. Nesta sexta-feira (04), ele visitará instalações do Sesi-Senai em Registro, outra cidade do Vale do Ribeira. Será da casa de sua mãe que ele fará sua live semanal.

Nas duas cidades, os discursos duraram total de 12 minutos. Em nenhum deles, citou a reforma administrativa . Num pequeno estádio, onde foram distribuídas cadeiras plásticas para os convidados, discorreu rapidamente sobre religião e também os efeitos da hidroxicloroquina , remédio sem eficácia comprovada e defendido por ele para o tratamento contra a Covid-19 .

Além dos ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e André Mendonça (Justiça e Segurança Pública), dos deputados federais Eduardo Bolsonaro , Marco Feliciano (Republicanos) e Rosana Valle (PSB), dividiu espaço também com um de seus irmãos, Renato, influente na região. Dono de uma rede de lojas de móveis e sem cargo público, ele se tornou uma espécie de "embaixador" na região, recepcionando autoridades como secretários e ministros de Estado.

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Na última semana, Renato divulgou em suas redes sociais a agenda completa do irmão nas cidades do entorno. Ele aproveitou para apresentar seu candidato à prefeitura de Miracatu - disputa que ele mesmo não pode concorrer porque a lei impede familiares de presidentes da República de se candidatarem a cargos públicos, exceto reeleições.

Em Pariquera-Açu, a recepção ao presidente foi discreta, sem placas ou faixas de boas-vindas. Já em Eldorado, onde nasceu e moram seus familiares e amigos, havia cartazes e faixas espalhadas por quase todas as ruas.

"A instância turística de Eldorado saúda a presença de seu filho ilustre, Jair Messias Bolsonaro", dizia um outdoor no centro do município.

Lá, também em evento de apresentação de um projeto para a construção de uma ponte sobre o rio Ribeira, Bolsonaro assistiu a um vídeo a respeito da obra. Em nenhuma das duas cidades o presidente esteve na região onde as pontes devem ser construídas.

Também num rápido discurso, Bolsonaro atacou, mais uma vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS). E afirmou que a questão da pandemia foi "covardemente tratada" no Brasil e se elogiou.

"Não vi nenhum chefe de Estado tomar uma decisão como a minha. Eu estudei a questão da hidroxicloroquina. Não sou médico, sou capitão do Exército. Mas quem vai medicar o remédio é o médico", declarou.

Ainda nos primeiros meses de seu governo, Bolsonaro se engajou numa questão do Vale do Ribeira. Em março de 2019, ele prometeu acabar com a banana importada do Equador, um pedido de produtores da região.

A medida, caso fosse adotada, beneficiaria um dos sobrinhos do presidente , que é produtor rural do entorno.

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