O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta terça-feira que caso o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes tenha "grandez moral" ele "tem que se retratar" da declaração em que afirmou que o Exército está se associando a um "genocídio", em referência à gestão de militares no Ministério da Saúde durante a pandemia do novo coronavírus.
"Com certeza (tem que pedir desculpas). Se ele tiver grandeza moral, tem que se retratar", disse Mourão à CNN Brasil.
A declaração do ministro foi feita no sábado. Gilmar questionou o fato de o Ministério da Saúde ser dirigido interinamente há quase dois meses por um general da ativa do Exército, Eduardo Pazuello, que levou para sua equipe mais de 20 militares. Mourão já havia criticado a declaração na segunda-feira, assim como também fizeram os ministros Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Augusto Heleno (GSI). Os três são generais da reserva.
Em nota, Gilmar afirmou que respeita as Forças Armadas e que a sua crítica foi em referência à atuação dos militares no Ministério da Saúde.
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Nesta terça, o vice-presidente disse que Gilmar fez uma crítica "totalmente fora de propósito" ao falar em "genocídio" e citou casos históricos que, na sua visão, se enquadram na definição:
"Vi o cidadão Gilmar Mendes fazendo uma crítica totalmente fora de propósito, ao comparar o que ocorre no Brasil com um genocídio. Genocídio foi cometido por Stalin contra as minorias russas, foi cometido por Hitler contra os judeus, foi cometido na África, em Ruanda, e outros casos. Saddam Hussein contra os curdos. Agora, o ministro acho que ele exagerou demais no que ele falou.", disse.
Na entrevista, Mourão disse que não vê motivos para a saída de Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde, mas ressaltou que é uma decisão do presidente.
"Isso é uma decisão do presidente", disse, acrescentando depois: "Não acho que é o momento agora. Espera a pandemia arrefecer e aí troca".