O presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) fez críticas neste domingo, em entrevista à GloboNews, à força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba e defendeu a apuração sobre a citação de seu nome em uma denúncia movida pelos procuradores no fim do ano passado. Maia também defendeu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) crie um órgão para unificar as forças-tarefas, iniciativa que tem provocado desconfiança nos procuradores.
"Ninguém está acima da lei, eles mesmos falam isso. Nem eles podem estar acima da lei e do procurador-geral da República (Augusto Aras)", afirmou Maia na entrevista. O caso veio a público em meio a uma crise entre a PGR e as forças-tarefas da Lava-Jato.
Uma denúncia movida pela Lava-Jato em dezembro acusando executivos do Grupo Petrópolis do crime de lavagem de dinheiro, por meio da realização de doações eleitorais camufladas para atender a demandas da Odebrecht, causou polêmica na semana passada e gerou acusações de que a força-tarefa tinha investigado políticos com foro privilegiado. Na lista de doações eleitorais, constavam repasses para Rodrigo Maia e também para o presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP), mas seus nomes constavam como incompletos (Rodrigo Felinto, no caso de Maia; e David Samuel, no caso de Alcolumbre). Diante disso, a equipe do procurador-geral Augusto Aras avaliou apurar se houve alguma burla para que eles fossem investigados por Curitiba, apesar de terem foro privilegiado.
Após o caso vir a público, a força-tarefa da Lava-Jato divulgou nota afirmando que não investigou esses políticos e que os nomes deles foram colocados em uma tabela obtida a partir de dados públicos, de doações eleitorais oficialmente registradas na Justiça Eleitoral, apenas para ilustrar o montante total de doações feitas por empresas ligadas à Petrópolis, o que demonstraria o crime de lavagem de dinheiro por parte das empresas. Nem Maia nem os demais políticos foram denunciados no caso.
O presidente da Câmara é alvo de dois inquéritos em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). Em ambos, a Polícia Federal concluiu pela configuração do crime de corrupção passiva e enviou os casos à PGR para que decida se oferece denúncia sobre os fatos descritos. Um dos casos envolve doações da OAS em troca de benefícios no Congresso Nacional. O outro, que envolve repasses da Odebrecht, diz respeito às doações citadas na tabela da Lava-Jato de Curitiba, mas havia sido finalizado antes pela PF.
Na entrevista, Maia afirmou que as justificativas a respeito do assunto foram "muito medíocres, limitadas", e defendeu uma apuração. Também defendeu a criação da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (Unac), atualmente em estudo pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal. "Ninguém quer acabar, eu tenho certeza, com o bom trabalho e com o avanço que as foças-tarefas tiveram, mas ninguém pode estar acima da lei", disse.