General Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo
Anderson Riedel/PR
General Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo

O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos , rechaçou qualquer possibilidade de um golpe militar no país e afirmou não haver motivos para se cogitar um processo de impeachment ou afastamento do presidente Jair Bolsonaro , seja no Congresso ou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Ramos, que é general da ativa, afirmou em entrevista à Veja publicada nesta sexta-feira (12) que esteve "disfarçado" na manifestação contra o racismo e o governo, em Brasília, no último domingo, e afirmou que depois de ter sido criticado por outros militares de alta patente por sua participação em um ato ao lado de Bolsonaro no mês passado, vai pedir a aposentadoria das Forças Armadas.

"É ultrajante e ofensivo dizer que as Forças Armadas, em particular o Exército, vão dar golpe, que as Forças Armadas vão quebrar o regime democrático. O próprio presidente nunca pregou o golpe. Agora o outro lado tem de entender também o seguinte: não estica a corda", disse. O ministro se mostrou assustado com as faixas de protesto na manifestação com acusações de fascismo ao governo Bolsonaro.

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Sobre impugnação da chapa Bolsonaro-Mourão

"Acho que não vai acontecer, porque não é pertinente para o momento que estamos vivendo. O Rodrigo Maia (presidente da Câmara) já disse que não tem nenhuma ideia de pôr para votar os pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Se o Congresso não cogita essa possibilidade, o TSE que vai julgar a chapa irregular? Não é uma hipótese plausível".

Atos contra o governo

"Só há uma coisa que me incomoda e me desperta atenção. Um movimento democrático usando roupa preta. Isso me lembra muito autoritarismo e black blocs. Quando falo em democracia, a primeira coisa que me vem à mente é usar as cores da minha bandeira, verde e amarelo. No domingo, fiquei disfarçado no gramado em frente ao Congresso observando o pessoal. Eles não usavam vermelho para não pegar mal. Mas me pareceu que eram petistas".

Participação em ato pró-governo e reserva

"Fui muito criticado no dia seguinte pelos meus companheiros de farda. Não me sinto bem. Não tenho direito de estar aqui como ministro e haver qualquer leitura equivocada de que estou aqui como Exército ou como general. Por isso, já conversei com o ministro da Defesa e com o comandante do Exército. Devo pedir para ir para a reserva".

Depoimento por ordem do STF

"Não precisava (ir depor à Polícia Federal no caso da reunião ministerial com Sergio Moro por decisão do ministro Celso de Mello). Da mesma forma ocorreu com o pedido de apreensão do aparelho celular do presidente da República. Isso gerou um calor desnecessário entre as instituições. Além disso, vazou a mensagem de WhatsApp em que o ministro do Supremo comparou o presidente Bolsonaro ao Hitler e os seus seguidores a nazistas. Isso contribui para o clima de diálogo e para buscar uma harmonia entre os poderes? Acredito que não."

Aliança com o centrão e indicação política

"Todo cargo do governo federal serve para implantar políticas públicas. Por isso, precisamos preenchê-los com pessoas que estejam alinhadas com o governo, que tenham projetos convergentes. Há mais de 11 000 cargos que têm uma indicação política em sua origem (...). Temos um quadro de quem vota e de quem não vota com o governo. É o que eu digo: quer fazer parte do governo? Tem de fazer parte do governo de fato. Agora, a negociação é com os partidos. A fidelidade é uma responsabilidade dos partidos. O senador Ciro Nogueira, presidente do PP, tem sessenta votos. Por isso, ele tem espaço no governo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Ele assumiu o compromisso de ser governo. Exijo um nível de fidelidade de ao menos 80%".

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