Marcelo Crivella e Jair Bolsonaro se reuniram em almoço nesta sexta (22)
Marcos Corrêa/PR/ Foto de arquivo
Marcelo Crivella e Jair Bolsonaro se reuniram em almoço nesta sexta (22)

No almoço do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, com o presidente Jair Bolsonaro entraram no cardápio reivindicações como a liberação de mais recursos para a Saúde e a Infra-estrutura. Desde que assumiu, o prefeito tenta aumentar os valores repassados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em uma negociação que começou ainda em 2017. A discussão envolve o custeio de 23 unidades, entre policlínicas e hospitais, municipalizados entre 1994 e 2005.

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Em 2018, alegando que a União não repassava recursos suficientes para manter essas unidades - o custo chega a mais de R$ 250 milhões por ano enquanto que a União repassa para mantê-los cerca de $ 100 milhões - o prefeito chegou a entrar na Justiça, sem sucesso, tentando devolver as unidades. O assunto voltou à pauta no fim de 2019, quando a prefeitura atrasou o pagamento de funcionários de Organizações Sociais que atuavam na rede e chegou a ter mais de R$ 200 millhões arrestados para quitar as dívidas.

O que se comenta entre vereadores aliados é que, por ser aliado de Bolsonaro, Crivella pode também se tornar uma vitrine para a defesa do presidente em relação ao uso da cloroquina como alternativa de atendimento de pacientes do Covid, apesar da falta de provas científicas. A prefeitura do Rio foi uma das primeiras do país a criar uma regulamentação para o uso do remédio, até pela secretária municipal de Saúde, Beatriz Busch, quando esteve internada em um hospital particular por causa da doença. O protocolo, no entanto, não obriga o médico a adotar o remédio.

A ligação com Bolsonaro é tamanha que os trêss filhos de Bolsonaro com carreira política se filiaram ao Republicanos de Crivella. Além disso, a ex-mulher do presidente, Rogéria Bolsonaro (mãe do deputado Eduardo , do vereador Carlos e do senador Flávio Bolsonaro) e -candidata a vice na tentativa de Crivella de se reeleger como prefeito.

A discussão sobre o reforço da na saúde verba começou ainda no governo Michel Temer. Desde então, a pasta já teve cinco ocupantes, incluindo o general Eduardo Pazuello, que ocupa o cargo interinamente. Em meio à crise do fim do ano passado, o Ministério da Saúde propôs criar uma comsissão para tratar do tema. Mas até agora, não houve acordo. Entre as 23 unidades estão: 5 hospitais (entre os quais Piedade) e duas maternidades.

Outro impasse envolve verbas que a Caixa Econômica Federal retem desde 2016 e 2017 relativos a repasses para a conclusão de obras de instalações das Olimpíadas. Na prefeitura, fala-se que o município teria a receber entre R$ 200 e R$ 300 milhões. O dinheiro para concluir as ovbras foi antecipado pelo município na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes para que as arenas ficassem prontas para a Olimpíada. Mas até hoje, Crivella não conseguiu receber o dinheiro porque teria dificukdades para reunir os documentos exigidos pea CEF.

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Nos últimos dias, o prefeito tem dado sinais que pretende começar a afrouxar o isolamento social porque as curvas de contágio teriam começado a cair. Entre os argumentos que Crivella tem a seu favor é que a taxa de isolamento na cidade está na faixa de 70%, ficando superior a 80% na Zona Sul, Centro e Barra da Tijuca na manhã de ontem, segundo dados do Centro de Operações Rio. No entanto, hoje, ainda há filas na rede pública por leitos de UTI e mesmo co as operações do Disque Aglomeração, o controle da dissiminação da doença ainda é difícil por resistências a adoção de medidas de isolamento em comunidades como Rocinha, Rio das Pedras,Complexo do Alemão e Vila Kennedy . A fila ontem por vagas de UTs públicas - que chegou a 1.350 ainda ttinha cerca de 450 pacientes enquanto que a rede particular estava com cerca de 90% de ocupação.

"O problema ao reduzir restrições a cidade tem que ser tratada como um todo. Não dá para pensar em relaxar medidas em determinada região em detrimento de outra porque as pessoas circulam. E isso pode favorecer contaminações", diz a médica sanitárista Lígia Baía, da UFRJ .

Crivella prometeu discutir em uma reunião hoje no Rio com integrantes do comitê cientpifico um plano para a reabertura. Um dos argumentos que o prefeito deverá empregar é que na semana que vem, o município vai concluir a abertura de leitos de UTI no hospital de campanha do Riocentro e no Hospital Ronaldo Gazolla ( Acari ) unidades de referência do Covid na rede.

Ontem, para tentar reduzir a carência de vagas, a prefeitura doou 16 respiradores para ampliar a capacidade de atendimento de pacientes do coronavírus no Hospital Universitário Pedro Ernesto (do estado), em Vila Isabel. Ouvidos pelo GLOBO, integrantes do grupo disseram que até o momento não têm elementos que possam chancelar a redução do isolamentom. Até porque os sintomas da doença levam um tempo para se manifestar. Os casos diagnosticados nos últimos dias, que aparecem nas estatísticas da prefeitura e que ainda estão em atualização, na realidade, ainda refletem contágios ocorridos nos primeiros dias do mês.

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"Não temos ainda uma data.O que vai ser apresentado ao Comitê Científico é uma proposta para fazer essa reabertura quando ela vier a acontecer. A ideia, já discutida com empresários do Rio é que seja de forma gradual, com a participação do setor privado em atividades de controle da saúde de seus funcionários", disse o secretário de Ordfem Pública, Guttemberg Fonseca, que participou do encontro de Bolsonaro com o prefeito.

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