O ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello autorizou nesta terça-feira (5) que os ministros Luis Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, General Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, e Braga Netto, da Casa Civil, sejam ouvidos pela Polícia Federal na investigação de interferência do presidente Jair Bolsonaro na PF. A informação é da CNN .
Os três ministros militares foram citados pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro em seu depoimento à PF sobre as acusações feitas por ele em seu discurso de despedida do ministério. Segundo Moro, Bolsonaro tentou repetidas vezes alterar o diretor-geral da PF e o superintendente da PF no Rio de Janeiro sem razão justificada.
Em seu depoimento , que foi divulgado na íntegra nesta terça, Moro mencionou os ministros militares. De acordo com ele, o General Heleno estava presente em algumas das conversas nas quais Bolsonaro solicitava as substituições.
Moro contou ainda que após ser informado da exoneração de Maurício Valeixo, reuniu-se com General Heleno, Braga Neto e Luis Eduardo Ramos . Segundo o ex-juiz, na ocasião ele afirmou que não poderia aceitar a saída de Valeixo, que sairia do governo e seria obrigado a falar a verdade. Nesta conversa, os militares teriam se comprometido a tentar convencer Bolsonaro a mudar de ideia.
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Mais tarde, Ramos teria sugerido uma solução intermediária, com a saída de Valeixo e nomeação de algum outro nome indicado por Bolsonaro além de Alexandre Ramagem, que já tinha sido vetado por Moro. O então ministro da Justiça e Valeixo teriam concordado com o nome de Disney Rosseti.
Moro relata que após isso não foi mais informado sobre a decisão de Bolsonaro e ficou sabendo da exoneração de Valeixo de forma não oficial. Ao buscar os ministros Braga Neto e Ramos para confirmar a informação, o primeiro teria dito que não sabia enquanto o segundo teria afirmado que iria descobrir e retornaria, mas não o fez.
Celso de Mello autorizou ainda que a PF ouça a deputada federal Carla Zambelli e os delegados da Polícia Federal Maurício Valeixo, Ricardo Saad, Carlos Henrique de Oliveira, Alexandre Saraiva, Rodrigo Teixeira e Alexandre Ramagem. Todos eles foram citados por Moro em seu depoimento.
O ministro do STF também levantou o sigilo do inquérito.