Alexandre Ramagem deve comandar Polícia Federal
Carolina Antunes/PR
Alexandre Ramagem deve comandar Polícia Federal

Nome que deve ser indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para o comando da Polícia Federal em meio à crise deflagrada pela demissão do ministro Sergio Moro, o delegado da PF e atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem Rodrigues atuou na Lava-Jato do Rio de Janeiro, tem experiência em investigações contra o tráfico de drogas e coordenou a segurança de grandes eventos internacionais.

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Mas foi por ter coordenado a segurança da campanha eleitoral do então candidato Bolsonaro à Presidência, em 2018, que Ramagem acabou desenvolvendo uma relação de confiança com o presidente e também com seus filhos. No início do ano passado, após Bolsonaro ter assumido o cargo de presidente, Ramagem foi requisitado para atuar no Palácio do Planalto como assessor especial da Secretaria de Governo, comandada então pelo general Carlos Alberto dos Santos Cruz. Pouco depois, em junho, foi indicado por Bolsonaro para o cargo de diretor-geral da Abin e aprovado pelo plenário do Senado por 64 votos a 3.

Após a crise com Valeixo, integrantes do Palácio do Planalto dão como certa a indicação de Ramagem ao comando da PF. Essa nomeação só não foi oficializada ainda no Diário Oficial porque Bolsonaro deseja fazê-lo em conjunto com o cargo do novo ministro da Justiça, que ainda não foi escolhido. Além da boa relação com Bolsonaro e seus filhos, Ramagem também tem a confiança da ala militar do Palácio do Planalto, com quem ele mantém boa relação durante sua gestão na Abin, o que fortaleceu o sentimento em torno da indicação de seu nome.

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Delegado da PF desde 2005, Ramagem faz parte de uma geração mais jovem da PF do que os diretores-gerais que o antecederam. Por isso, a avaliação interna é que sua nomeação marcará a ascensão de uma nova geração aos postos-chave da Polícia Federal . Como costuma ocorrer com a troca de comando, há uma expectativa de mudanças na direção em Brasília e nos cargos de superintendentes da PF nos Estados.

Ao ingressar na PF, Ramagem começou a trabalhar em Roraima e atuou no combate ao tráfico de drogas e outros ilícitos. Em 2011, foi nomeado para a chefia da Unidade de Repressão a Crimes contra a Pessoa em Brasília. Nessa função, atuou com operações da PF de combate a grupos de extermínio. Em 2015, foi indicado para coordenar, no Estado do Amazonas, o Grupo de Investigações Sensíveis de Repressão ao Tráfico Ilícito de Entorpecentes, atuando no combate ao tráfico de drogas e às facções criminosas.

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Foi em 2017 que Ramagem entrou na equipe da PF da Lava Jato do Rio e atuou nas investigações que miraram deputados estaduais suspeitos de corrupção. O próprio delegado relatou essa atuação durante sabatina no Senado, em junho do ano passado, para o cargo de diretor da Abin.

"No ano de 2017, integrei equipe de investigação e inteligência da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Em razão do desenvolvimento dos trabalhos em diversas instâncias judiciais, coordenei o trabalho da Polícia Federal junto ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região, resultando na deflagração de diversas operações policiais", afirmou.

Desconfiança

Ramagem é elogiado por colegas da PF e citado como um delegado competente. A corporação, porém, vê a indicação com desconfiança por causa das acusações feitas por Moro de que Bolsonaro queria alguém na PF que lhe fornecesse informações de inteligência e pudesse interferir em investigações.

"Acredito que Ramagem deve fazer uma excelente gestão, mas é uma pena que ele esteja entrando no meio dessa confusão. É muito ruim isso", comentou um delegado.

Para integrantes da PF, isso clima tornará mais difícil para Ramagem montar sua equipe e desenvolver os trabalhos. A expectativa é que ele indique colegas jovens, de sua geração, para compor os postos-chave da corporação.

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O ex-ministro Gustavo Bebianno chegou a relatar que Ramagem fazia parte de um plano do vereador Carlos Bolsonaro para montar uma Abin paralela dentro do Palácio do Planalto, uma espécie de departamento clandestino de inteligência. Segundo o relato de Bebianno, a operação foi abortada após a oposição dos militares do Planalto.

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