Os ministros Onyz Lorenzoni (Casa Civil) e Sergio Moro (Justiça) participam de reunião com o presidente Jair Bolsonaro
Carolina Antunes/PR
Os ministros Onyz Lorenzoni (Casa Civil) e Sergio Moro (Justiça) participam de reunião com o presidente Jair Bolsonaro


O mais recente episósio envolvendo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Justiça, Sérgio Moro - que teria pedido demissão do cargo -, não é a primeira crise na relação. 

Quando Jair Bolsonaro estava compondo o seu ministério, uma escolha foi anunciada como um prêmio: a escalação do juiz Sergio Moro como seu ministro da Justiça, justamente o homem que estava à frente da luta contra a corrupção, uma das bandeiras do presidente.

Alguns meses depois, a situação mudou da água para o vinho. O presidente passou a interferir em nomeações feitas por Moro e chegou a dizer que quem mandava na Polícia Federal, por exemplo, era ele e não o ministro.

Nos bastidores chegou-se a comentar que Moro estava por um fio : ou seria demitido por Bolsonaro ou o próprio Moro pegaria o chapéu e iria embora. Passados os piores momentos, os dois discutiram a relação e resolveram dar um tempo na troca de farpas. Chegaram à conclusão que a saída não era boa para nenhum dos dois lados.

Moro continua alimentando o sonho de uma vaga no STF - apesar de se distanciar cada vez mais do caminho -, razão pela qual precisa continuar o trabalho no Governo, e Bolsonaro chegou à conclusão de que simplesmente não poderia abrir mão do ministro mais popular de seu governo.

Arestas a aparar

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A relação entre os dois ficando mais azeda por diversos motivos. Confira alguns em ordem cronológica:

A tão sonhada vaga no STF - Bolsonaro afirmou ter prometido a Moro uma vaga no STF quando o convidou para comandr o Ministério da Justiça. Depois, em maio de 2019, desmentiu a promessa.

Polícia Federal - Em agosto do ano passado, Ricardo Saadi foi anunciado por Bolsonaro como substituto de Alexandre Silva Saraiva na Superintendência da PF no RJ. Mas a direção da Polícia Federal havia designado o delegado Carlos Henrique Oliveira Sousa, da Superintendência de Pernambuco. A decisão do presidente foi mal-recebida pela corporação, porque soou como interferência em assuntos internos. O anúncio de Bolsonaro foi malvisto pela corporação como uma interferência em assuntos internos. Desde então, Bolsonaro não escondeu de mais ninguém a intenção de intervir na Polícia Federal.

Votação de segunda instância - Em novembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu, novamente, a prisão de condenados logo após o julgamento em segunda instância. Isso permitiu a soltura do ex-presidente Lula, ponto muito defendido pelo ministro. 

Pacote anticrime diferenciado - Em dezembro de 2019, o projeto, aprovado pelo Congresso e sancionado por Bolsonaro, diferiu muito daquele apresentado por Moro à Câmara. Das 38 sugestões de vetos feitas pelo Ministério da Justiça, apenas quatro foram atendidas por Bolsonaro de forma integral e uma de forma parcial. Além disso, o presidente havia dito que a implementação do pacote não emergencial para o governo. 

Flexibilização de armas - Moro tentou não ser associado à intenção de flexibilizar a posse de armas, afirmando nos bastidores, em janeiro, que estava apenas cumprindo ordens do presidente. 

Pasta da Segurança Pública - Dia 23 de janeiro, Bolsonaro não escondeu a intenção de recriar a pasta da Segurança Pública, que hoje faz parte do Ministério da Justiça. Com isso, a área sairia da alçada de Moro. 

Demissão de especialista - Dia 28 de fevereiro, Moro foi obrigado a desligar Ilona Szabó, especialista em segurança pública, ordenado por Bolsonaro, depois que a nomeação foi mal vista. Ilona Szabó disse ser contra o afrouxamento das regras de acesso a armas e criticou a ideia de ampliação. Até hoje, ninguém a substituiu.

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